Após anos de negociações estéreis, entra em vigor nesta segunda-feira um acordo com potencial de promover uma guinada na geopolítica do Oriente Médio – se as partes cumprirem o que prometem.
Continua depois da publicidade
Pelos próximos seis meses, as potências ocidentais irão aliviar sanções ao regime iraniano em troca do fim dos mistérios que envolvem o programa nuclear do país persa.
Embora Israel considere este o dia que marca um erro histórico, alegando que o Irã apenas ganhará tempo para construir sua bomba atômica, Estados Unidos, Grã-Bretanha, China, França, Alemanha e Rússia patrocinam o pacto provisório. O acordo, firmado em Genebra em novembro e completado no início da semana passada, prevê que o Irã irá diluir partes de seu estoque de urânio enriquecido a 20% – percentual considerado um pulo para o uso bélico. Em troca, terá acesso a US$ 4,2 bilhões em ativos congelados no Exterior. Também poderá voltar a exportar parcialmente petroquímicos e a realizar pagamentos bancários por comida e medicamentos – importados com dificuldade em razão das restrições às transações financeiras internacionais com o Irã.
>> Leia mais notícias sobre o Irã
As declarações internacionais ainda são contidas e cautelosas, mas consequências do trato começam a aparecer. De olho na abertura de um mercado de 70 milhões de pessoas – a última grande economia mundial ainda isolada -, políticos e empresários estrangeiros desembarcam em Teerã, animando o governo local.
Continua depois da publicidade
– Testemunharemos uma positiva, aceitável e notável mudança na economia do país nos próximos seis meses – afirmou o presidente Hassan Rouhani, que deverá discursar em Davos, na Suíça, na quinta-feira.
No sábado, inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica chegaram à capital iraniana para fiscalizar os termos negociados.
Rouhani foi eleito em 2013 prometendo que o país pararia de “fingir que negociava com o Ocidente”. A população sofre com alto desemprego, desvalorização cambial e inflação de 42% ao ano. Após o anúncio do acordo, o câmbio se estabilizou e a inflação começa a declinar. Em setembro, o presidente surpreendeu ao conversar com Barack Obama. Um diálogo desse nível não ocorria desde 1979. A aproximação desagrada a parte da elite militar e religiosa, mas as negociações têm aval do líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei.
