As indefinições do governo federal, ao longo de 14 anos, sobre o traçado do contorno viário da Grande Florianópolis levaram entidades sociais e de classe a se unir pela realização da obra. Para expressar a decisão pretendem fechar por duas horas a BR-101 no dia 19 de outubro.
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A longa espara se deve a entraves políticos, que deram margem para a concessionária justificar o adiamento da obra que afastaria para o anel viário o trânsito pesado, que hoje cruza a área urbana de São José e Palhoça. O movimento é organização pelo Conselho Metropolitano de Desenvolvimento (Comdes).
Chama a atenção que envolve entidades que não costumam participar de manifestações deste tipo, como as Câmaras de Dirigentes Lojistas (CDL), Floripamanhã e até a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Conforme a presidente da Comdes, Zena Becker, as organizações se cansaram das promessas e resolveram agir. Eles prometem fechar a passagem de veículos da Praça de Pedágio de Palhoça e no Rio Inferninho (Biguaçu), onde seria o traçado do anel. Atualmente, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) analisa o pedido da prefeitura de Palhoça de fazer outra mudança no trajeto. Resultado: já se fala em conclusão do anel viário em 2017.
– Cada hora o prefeito escolhe uma nova direção e atrasa ainda mais o começo das obras – critica o deputado federal Esperidião Amin, que participa das discussões do contorno.
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O prefeito rebate e diz que estuda o que é melhor para Palhoça – Não queremos que ocorra o que aconteceu quando o traçado da BR-101 dividiu o município.
O projeto que enviamos para a ANTT terá um custo menor em função das desapropriações terem valores mais baixos. A obra é alvo de investigação do Tribunal de Contas da União desde 2011 e, no último mês, uma ação do procurador Ministério Público Federal (MPF) Daniel Ricken requer à Justiça o retorno da tarifa de pedágio para R$ 1,10, inclusive na praça de Palhoça, pois as obras não estão concluídas. A Autopista Litoral Sul informou que não foi notificada.
Históricos dos atrasos
O Contorno de Florianópolis foi projetado em 1998 pelo Dner (atual Dnit) com 42 quilômetros e deveria ser construído com a duplicação da BR-101 Norte, conforme o ministro dos Transportes do governo FHC, Eliseu Padilha. Projetos e estudos ambientais não ficaram prontos e a obra ficou de herança para a Autopista Litoral Sul. No contrato com a empresa concessionária da BR-101, a construção do anel viário foi encurtado para 24 quilômetros.
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Com a pressão de políticos do Estado e de entidades de classe, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) aceitou no fim do ano passado construir o plano original, mas em duas fases. Pelo contrato, a obra deveria estar pronta em fevereiro e foi prorrogada para 2015, já que a concessionária alegou que precisou fazer modificação em projetos. No começo do ano, surgiu um novo entrave.
A prefeitura de Palhoça informou que com o crescimento populacional o traçado passa por dentro de um conjunto habitacional. Para evitar passar pelo empreendimento da Rodobens Negócios Imobiliários, o prefeito de Palhoça encaminhou três pedidos de alteração de projeto. Um deles com a construção de dois túneis. Com isso, as entidades de classe e sociais afirmam terem recebido o anúncio de que a obra vai ficar pronta só em 2017.
Confira as propostas para o anel viário