Apesar de salientarem a importância de o país contar com uma base comum para as escolas, algumas entidades criticam a forma como o projeto está sendo apresentado – e o que chamam de “pressa” para sua aprovação, o que dificultaria o aprofundamento das discussões.

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Em fase de discussão, Base Nacional Comum Curricular enfrenta críticas

Para a presidente do movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz, o tempo disponível é exíguo diante do gigantismo da proposta, que se espera ver finalizada em meados de 2016. Além disso, há pouca transparência no processo: o sistema de colaboração não deixa claro como as sugestões de cada indivíduo e escola serão analisadas, quem será responsável por isso e os critérios usados para aceitar ou não as mudanças sugeridas.

– Somos a favor de uma base escolar excelente. Não basta criar a proposta e vê-la implementada, é preciso que possamos atestar sua qualidade. E falta tempo para isso – contesta Priscila.

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Conforme o movimento, a proposta atual da BNC falha também ao não deixar claro o que exatamente se espera que o aluno aprenda em cada disciplina, incluindo descrições abstratas que abrem margem para interpretações diferentes. Faltaria, ainda, definir quais são os temas previstos no currículo nacional e quais ficam a cargo de cada escola.

Sinepe pede mais tempo e equilíbrio no currículo

No Rio Grande do Sul, as críticas são reforçadas pelo Sindicato do Ensino Privado (Sinepe/RS). Aliado ao tempo considerado insuficiente para uma discussão tão ampla, o presidente Bruno Eizerik menciona que, por ser final do ano letivo, a participação dos profissionais da educação interessados em contribuir é dificultada – o MEC definiu 2 de dezembro como o Dia Nacional da Base, convidando as escolas ao debate:

– A educação tem que ser prioridade, e esse documento precisa ser construído com calma. Se não, parece que a base está pronta, só esperando para ser legitimada – diz Eizerik.

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Eizerik também contesta a divisão prevista na BNC (currículo 60% padronizado e 40% a cargo das escolas), sugerindo mais equilíbrio. Ele entende, porém, que a autonomia dos colégios será preservada, e a base servirá para oficializar o rumo que muitas escolas já tomam na educação.

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Coordenadora de Ensino Médio da Secretaria Estadual da Educação (Seduc), Maria José Fink vê uma grande vantagem na BNC: a objetividade do programa e a valorização do desenvolvimento de capacidades como decisão, ação e argumentação.

– Precisamos mexer com algumas coisas. Passou a era conteudista. Agora são habilidades e competências – afirma Maria José.