Em março, entre a condução coercitiva do ex-presidente Lula no dia 4 e as manifestações contra o impeachment na última quinta-feira, entidades patronais e de trabalhadores de Santa Catarina divulgaram seus posicionamentos a favor e contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff. O Diário Catarinense consultou seis textos: três favoráveis ao processo e três contrários e procurou as instituições para esclarecer seus pontos de vista.

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Conselho das Federações Empresariais de Santa Catarina (Cofem)

No dia 17, o Cofem, que reúne Fiesc, Facisc, FCDL e Fecomércio, entre outras, e a Associação dos Conselhos Profissionais de Santa Catarina (Ascop) divulgaram manifesto em que “o atual governo perdeu as condições para guiar os destinos do país” e que é necessário “um novo governo, com credibilidade e apoio da sociedade brasileira”. A instituição cobra dos “representantes do Poder Público a tomada de decisões tendo como norte os elevados interesses do bem comum”. Por meio da assessoria, a Fiesc afirma que “Da perspectiva da governança, o atual governo demonstrou que não tem condições de liderar as mudanças que o país precisa para retomar o crescimento. Do ponto de vista técnico, a abertura do processo de impeachment se justifica para avaliar o crime de responsabilidade da presidente”.

Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (Acif)

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Em nota pública divulgada no dia 18, a Acif, que representa mais de quatro mil empreendedores de Florianópolis, se posicionou a favor de uma “mudança no comando do País um fator decisivo para o fim da crise institucional e a retomada do desenvolvimento”. Para a entidade, “ao longo destes dois últimos anos, a recessão, os altos juros, a inflação e o endividamento dos brasileiros têm assolado o país”. Por meio de assessoria de imprensa, a Acif informou que é a favor do impeachment independente da forma e do argumento, desde que o rito legal seja respeitado.

Associação Empresarial de Criciúma (Acic)

Dias antes das manifestações do dia 13, a Acic divulgou manifesto em que dizia que “a principal mazela que impede o país de desenvolver-se é a carência de credibilidade nas altas esferas dos poderes executivo e legislativo” e que “o desejo por mudanças está evidente em nossa sociedade e estas devem ser expressas e conduzidas sob o arcabouço do estado de direito”. No dia 18, a entidade abriu uma faixa preta de luto na fachada de sua sede. À reportagem, o presidente da entidade, César Smielevskim disse que “A Acic é a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff por motivos óbvios. O nível de corrupção que toma conta do Brasil e a falta de condições que esse Governo tem de oferecer expectativas de melhora para o nosso país”.

Central Única dos Trabalhadores (CUT-SC)

No dia 11, a entidade publicou um chamamento para as manifestações contra o impeachment do dia 18. No comunicado, a central afirma que “vivemos um dos períodos mais delicados para a democracia brasileira, pós o término da ditadura militar” e que gostaria de “dialogar com a população sobre a importância da manutenção do estado democrático e da manutenção dos direitos dos trabalhadores”. A presidente Anna Julia Rodrigues afirma que “o pedido de impeachment não se refere a possíveis erros de gestão, como ‘pedaladas’ fiscais – prática recorrente em vários governos –, na politica econômica ou no combate à corrupção. O que está acontecendo é o oportunismo das forças da direita que não aceitam continuar compartilhando parte, ainda que muito pequena, das riquezas produzidas no país”.

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Sindicato dos Trabalhadores em Educação na Rede Pública (Sinte-SC)

No começo da semana, o sindicato lançou convite para os protestos do dia 31: “Vivemos mais uma vez um momento de inquietação no país e a ameaça ao Estado Democrático de Direito é uma possibilidade real”. Para a entidade, “O que está em jogo, neste momento, não é a defesa do Governo ou de partidos. Trata-se de defender a democracia, que corre sério risco”. Segundo Luiz Carlos Vieira, coordenador estadual da instituição, “somos contrários à forma como estão tentando fazer o impeachment, num desrespeito total à Constituição, pois não existe nenhuma prova daquilo que estão acusando. Então, é só pelo viés político. Nós queremos e somos a favor da democracia. Sendo assim, temos de lutar pelos direitos que estão na Constituição, gostando ou não dela, em nome do Estado Democrático de Direito”.

Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Florianópolis (Sintrasem)

No texto em que anuncia participação nas manifestações da última quinta-feira, publicado em seu site, o sindicato defende que não apoia o governo Dilma e sua política, “que joga nas costas dos trabalhadores a conta da crise econômica gerada pelos ricos. Mas também não apoiamos nenhum impeachment ou cassação”. O presidente da entidade, Alex Santos, diz que “em linhas gerais, somos contra o impeachment por duas razoes principais: a primeira é que de fato não há argumento jurídico que justifique e a segunda é que a motivação política dos que querem que isso aconteça é espúria, com partidos derrotados querendo voltar ao poder para aplicar medidas antipopulares como reforma da previdência, retirada de direitos e aplicação do projeto de lei da terceirização”.