Em menos de uma década, a BR-101 deverá ter em suas margens pelo menos duas grandes universidades – um campus da UFSC, em obras, e outro da Católica de SC, em estudo -, além de novas empresas – como a BMW, em Araquari. A nova movimentação vai se somar ao já intenso tráfego da rodovia que, especialmente no verão, é cenário de filas.
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:: Mural: quais os principais problemas de mobilidade na região Norte? ::
Este é apenas um exemplo da necessidade de se pensar em soluções para o futuro da mobilidade da região. E é isso que entidades empresariais, órgãos públicos, associações e comunidade vão fazer nesta quarta durante o seminário regional do Plano de Mobilidade SC, organizado pela Federação das Indústrias (Fiesc) na sede da Associação Empresarial de Joinville (Acij). O evento é aberto ao público e ocorre das 8 horas às 17h30.
O encontro será uma espécie de consulta pública em formato de dinâmica. Durante a manhã, os participantes vão responder à pergunta: “Quais os fatores/problemas que comprometem a mobilidade de pessoas e o transporte de cargas no eixo litorâneo catarinense?”.
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As opiniões vão ser escritas em tarjetas e fixadas em um mural. À tarde, o questionamento muda e o foco serão as soluções. No fim do dia, o grupo vai criar um documento consolidando as propostas, que serão direcionadas aos órgãos públicos.
– A mobilidade interfere tanto na qualidade de vida das pessoas quanto na economia. Queremos identificar os gargalos e, a partir daí, propor que seja realizado de maneira sistêmica tudo que for emergencial e necessário, priorizando as ações em termos de urgência e valores – afirma o presidente da Acij e da Câmara de Transporte e Logística da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar.
O objetivo é identificar as dificuldades que atingem o que a Fiesc classifica de zona litorânea – que abrange todo o litoral e regiões próximas. Dentro desta área, estão englobadas seis rodovias federais, cinco ferrovias, seis aeroportos e cinco portos. Por isso, a opinião de quem está diretamente envolvido é importante.
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4 milhões de habitantes
A zona litorânea, alvo do plano da Fiesc, tem 4 milhões de habitantes, 126 mil estabelecimentos e 1,3 milhão de trabalhadores. Com estimativa baseada no crescimento populacional registrado entre 2002 e 2012, a entidade calcula que a região deve abrigar 4,3 milhões de pessoas em 2020.
A grande maioria desse contigente se move pelas rodovias. Só pela BR-101, principal artéria do sistema viário catarinense, passam até 80 mil veículos por dia. Somada às outras cinco rodovias federais (BRs 280, 282, 470, 116 e 285), foram 75,7 milhões de toneladas de carga movimentadas em 2010 – número que deve saltar para 110 milhões em 2020.
Uma alternativa para desobstruir as entupidas estradas seria investir em ferrovias, modal defendido por especialistas para o transporte de cargas. Há iniciativas neste sentido em andamento.
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A Ferrovia Litorânea, que cortará todo o Estado, ligando os portos catarinenses, está com projeto em fase final de elaboração. Já a Ferrovia da Integração, também conhecida como a Ferrovia do Frango, vai ligar Chapecó a Itajaí e deve começar a ser construída em 2015. Ambas serão úteis para escoar a produção do Oeste até o litoral.
Uma conta que nunca fecha*
Romper o senso comum da sociedade e a visão tecnocrática dos gestores nas ações de mobilidade, tanto de pessoas quanto de cargas, é um grande desafio. De um lado, o poder econômico clama por soluções imediatas, baseado em dogmas e princípios onde a lógica da eficiência e a garantia do lucro norteia suas decisões.
De outro, presenciamos a morosidade do poder público em todos os níveis. Entes federados extremamente burocratizados, com recursos muitas vezes mal aplicados, sem criatividade e cada vez mais preocupados em resolver pequenos problemas, numa conta que nunca fecha.
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Garantir uma mobilidade segura das pessoas no meio urbano, bem como uma eficiente logística no transporte de bens e mercadorias pelo território, se constitui em inadiável imperativo na construção do desenvolvimento sustentado. Implantar ações que priorizem a integração dos modais ferroviário e hidroviário pode representar possíveis soluções para essa questão.
* Por Luiz Alberto Souza, ex-presidente do Ippuj e doutor em planejamento urbano.