O clima é de incerteza entre entidades catarinenses com a saída iminente de Henrique Meirelles (PSD) do Ministério da Fazenda. Enquanto aguardam a definição oficial de quem assumirá a pasta, alguns representantes no Estado acreditam na manutenção da atual política econômica e outros demonstram receio quanto a possíveis alterações. Meirelles vai se filiar ao PMDB e a previsão é que deixe o cargo nos próximos dias para tentar concorrer nas eleições presidenciais em outubro.
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Apesar de afirmar que ainda é cedo para saber como será a atuação do Ministério da Fazenda a partir de agora, o presidente da Fecomércio/SC, Bruno Breithaupt, aponta algumas medidas que deveriam avançar com um novo comando. Para ele, as principais seriam a aprovação da reforma tributária e a concessão de mais incentivos ao setor empresarial:
– Santa Catarina tem os melhores índices de crescimento e menor índice de desemprego. Isso faz com que tenhamos mais oportunidade de crescer. Com mais algumas medidas, como incentivo à classe empresarial, toda a cadeia econômica pode ser beneficiada.
Breithaupt lembra que um dos grandes méritos de Meirelles à frente da pasta foi conseguir “emplacar o equilíbrio fiscal”. O presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Santa Catarina (FCDL/SC), Ivan Tauffer, não se mostra tão otimista e vê com receio a mudança:
– A saída de Meirelles preocupa, porque o ministro vinha cuidando da economia do país e segurou a inflação.
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Tauffer teme que a troca de comando freie o varejo catarinense, que começava a se recuperar, além de minar o otimismo do empresariado:
– A mudança pode acabar impactando na inflação, o que afeta diretamente [no varejo], já que as famílias acabam ficando com menos dinheiro no bolso e compram menos. Isso pode gerar desemprego também.
São poucas mudanças em vista
O nome para substituir o ministro Henrique Meirelles seria Eduardo Guardia, segundo informação divulgada pelo jornal O Estado de S. Paulo. Guardia é o atual secretário-executivo da Fazenda e a expectativa é que ele siga a mesma linha de trabalho de Meirelles. Ainda segundo a publicação, o presidente Michel Temer avaliou que estabelecer uma continuidade na equipe econômica é o melhor caminho, principalmente às vésperas da campanha eleitoral.
Projeções indicam um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) que pode chegar a 3,4%, além de arrecadação em alta, inflação baixa e juros em queda. O economista e professor da Universidade Federal de Santa Catarina João Rogério Sanson não acredita em grandes mudanças na condução da pasta:
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– Não deve mudar a orientação que Meirelles vinha imprimindo, ele vai trabalhar em dobradinha com o Banco Central. Significa que haverá o mesmo tipo de orientação, de tentar segurar os gastos públicos e inflação, via juros.
Por meio de nota, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), Glauco José Côrte, reforça essa perspectiva. Apesar de considerar que o ideal seria a manutenção de Henrique Meirelles na Fazenda “pela liderança e credibilidade que ele tem junto ao mercado”, o dirigentes acredita que a saída não deve trazer impactos relevantes para Santa Catarina. Côrte diz que a política econômica está definida e o Brasil, gradativamente, retoma o crescimento.
Para Fiesc, agenda de reformas é importante
“Avaliamos que o desempenho econômico em 2018 está praticamente dado e será favorável. A questão crítica para manter o crescimento do PIB a partir de 2019 é o prosseguimento da agenda de reformas. Ou seja, só a decisão dos brasileiros nas próximas eleições poderá garantir a modernização do ambiente econômico, contas públicas equilibradas e empresas em condições de competir no mercado global”, reforça a nota da entidade.
A Secretaria da Fazenda de Santa Catarina, também por nota, manifestou que considera cedo para falar em impactos, mas que a atual política econômica deve ser mantida no país.
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O QUE DIZEM:
“Consideramos que a saída não trará impactos relevantes para o país ou para Santa Catarina, pois a política econômica está definida e o Brasil, gradativamente, retoma o crescimento. Avaliamos que o desempenho econômico em 2018 está praticamente dado e será favorável.”
Glauco José Côrte, presidente da Fiesc.
“O que se espera é que o novo ministro consiga decidir e aprovar uma reforma tributária e que consiga incentivos para a classe empresarial. SC tem os melhores índices de crescimento, menor índice de desemprego. Isso faz com que tenhamos mais oportunidade de crescer.”
Bruno Breithaupt, presidente da Fecomércio/SC
“Estávamos começando a ter números positivos no varejo, agora estamos preocupados com uma saída dele. A mudança pode acabar impactando na inflação, o que afeta diretamente [no varejo], já que as famílias acabam ficando com menos dinheiro no bolso e compram menos.”
Ivan Tauffer, presidente da FCDL/SC
“O entendimento da Secretaria de Estado da Fazenda é de que ainda é cedo para falar em qualquer impacto com a saída de Henrique Meirelles do Ministério da Fazenda. Se confirmadas as notícias veiculadas pela imprensa, a atual política econômica deve ser mantida, o que na prática significa que nada muda para os Estados.”
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Secretaria da Fazenda