Entidades de imprensa criticaram nesta quarta-feira (20) a ação da Polícia Militar de Santa Catarina após o repórter Jairo Silva Junior ser detido por policiais durante a transmissão do jogo entre Criciúma e Paraná. O caso aconteceu na noite desta terça-feira (19) em Criciúma, no Sul catarinense.

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Jairo, que trabalha na Rádio Transamérica de Curitiba, foi retirado do campo e conduzido a uma sala fechada depois de filmar agressões dos policiais a funcionários do time paranaense. Ele foi liberado após mais de uma hora de detenção, mas teve o celular apreendido pelos policiais. A confusão aconteceu nos minutos finais da partida válida pela 37ª rodada da Série B do Brasileiro, que terminou empatada em 1 a 1.

Em nota divulgada na manhã desta quarta-feira (20), a Associação Catarinense de Imprensa (ACI) afirmou que considera inaceitável qualquer ato de violência praticado contra jornalistas no legítimo exercício de suas funções, ressaltando que a imprensa deve ter a liberdade garantida para informar a sociedade. “E cabe justamente às autoridades defender esse que é um dos pilares da democracia e do estado de direito”, frisa a nota.

Em entrevista nesta manhã, o presidente da Associação Catarinense de Cronistas Esportivos (ACESC), José Mira, também se manifestou sobre o assunto. Depois de afirmar que representantes da ACESC em Criciúma acompanharam o caso de perto para dar apoio ao repórter, ele afirmou que o caso gera preocupação sobre a liberdade do exercício dos profissionais.

— O fato de ele ter filmado a ação dos policiais não justifica a detenção. Vamos seguir acompanhando o caso e tomar as providências para preservar a atuação dos repórteres dentro de campo — disse.

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Já a Associação dos Cronistas Esportivos do Paraná (ACEP) divulgou no início da tarde uma nota em que “repudia veementemente os atos de abuso de autoridade e arbitrariedade praticadas por oficiais da Polícia Militar de Santa Catarina”. A entidade também classificou o episódio como uma “injusta agressão” ao exercício profissional.

A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT) foi outra entidade a se manifestar com uma nota de repúdio. "Nada justifica a agressão a um repórter que está devidamente identificado como imprensa e no exercício da profissão", diz um dos trechos da nota.

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Repórter que foi detido em vídeo gravado após ser liberado no Heriberto Hülse (Foto: Reprodução / NSC)

Leia a íntegra das notas

Associação Catarinense de Imprensa (ACI):

A Associação Catarinense de Imprensa (ACI) considera inaceitável qualquer ato de violência ou intimidação praticado contra jornalistas no legítimo exercício de suas funções. A imprensa deve ter a liberdade garantida para informar a sociedade – e cabe justamente às autoridades defender esse que é um dos pilares da democracia e do estado de direito. A ACI julga essencial a apuração do caso ocorrido com o repórter Jairo Silva Júnior e a punição dos responsáveis.

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Associação dos Cronistas Esportivos do Paraná (ACEP)

A ACEP – Associação dos Cronistas Esportivos do Estado do Paraná, por sua diretoria, repudia veementemente os atos de abuso de autoridade e arbitrariedade praticadas por oficiais da Polícia Militar de Santa Catarina na noite de terça-feira (19.11.2019), no Estádio Heriberto Hulse, em Criciúma.

A pretexto de coibir, por força de legislação estadual ou de regulamentos da CBF, a gravação de áudio e vídeo de conduta hostil de agentes da corporação contra integrantes da delegação do Paraná Clube após a marcação do gol de empate da equipe do Criciúma, a Polícia Militar de Santa Catarina deteve ainda em campo de jogo o repórter da Rádio Transamérica Curitiba, Jairo Silva da Fonseca Junior, e o assessor de imprensa do Paraná Clube, Irapitan Costa, apreendendo seus aparelhos de telefonia celular e obrigando-os a permanecer por longo período em sala reservada de uso da PM. Os profissionais de imprensa foram compelidos a assinar termo circunstanciado para responder penalmente perante o Juizado Especial Criminal de Criciúma.

A ACEP se solidariza com seus associados, vítimas de injusta agressão no exercício da atividade profissional, e se coloca à disposição de toda a classe, da Rádio Transamérica Curitiba e do Paraná Clube, para as providências que se fizerem necessárias no enfrentamento do lamentável episódio.

Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT)

A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT) repudia, com veemência, a ação da Polícia Militar de Santa Catarina contra o repórter Jairo Silva Junior, da Rádio Transamérica de Curitiba (PR), durante cobertura do jogo entre Criciúma e Paraná, no estádio Heriberto Hulse, em Criciúma (SC). Ao registrar as agressões por parte de policiais militares a funcionários da equipe do Paraná, Jairo foi detido e conduzido à delegacia e teve o aparelho celular apreendido.

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Nada justifica a agressão a um repórter que está devidamente identificado como imprensa e no exercício da profissão. A plena liberdade de informação jornalística está garantida na Constituição Federal e não pode, em qualquer circunstância, ser desrespeitada.

A ABERT pede às autoridades locais a apuração dos fatos e punição dos responsáveis.

Versão da PM

A Polícia Militar de Santa Catarina se manifestou em comunicado e alegou que o jornalista “não poderia fazer filmagens no interior do Estádio”. A polícia também justificou a apreensão dos celulares informando que eles “servirão futuramente como meio de prova, por conta das imagens neles arquivadas”.

Leia a íntegra do comunicado:

Durante a noite do dia 19.11.2019, no Estádio Heriberto Hülse, durante partida entre Criciúma X Paraná, um supervisor da CBF solicitou apoio da Policia Militar para auxiliar na retirada de um membro da comissão técnica do Paraná Clube que estaria em local proibido. Realizada a intervenção, o membro da comissão técnica negou-se a sair do local, mesmo após pedidos do supervisor CBF, tumultuando os trabalhos no local. Assim, contra ele foi confeccionado um Termo Circunstanciado. Ainda na mesma ocorrência, um jornalista, mesmo ciente de que não poderia realizar filmagens no interior do Estádio, passou a realizar imagens, sendo este fato também apontado pelo supervisor da CBF como irregular. Os celulares dos envolvidos foram apreendidos no Termo Circunstanciado, os quais servirão futuramente como meio de prova, por conta das imagens neles arquivadas. Após lavrado o Termo Circunstanciado, os envolvidos foram liberados no local.

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