Enquanto as empresas transportadoras se movimentam para mudar a tabela do frete mínimo, os caminhoneiros acompanham com ansiedade o andamento das negociações em Brasília. Nas redes sociais, os motoristas temem que o lobby dos grandes grupos consiga derrubar a tabela recém-instituída pelo governo como contrapartida ao fim da greve. Os caminhoneiros prometem resistir.

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— Se essa tabela cair, vai ter uma greve pior que a última. E aí não vai ter negociação, pois eles vão querer provar para o mundo que são fortes, vai ser uma grande revolta — afirma Ivar Luiz Schmidt, representante do Comando Nacional do Transporte (CNT) e que foi o grande líder da paralisação de 2015.

Ivar diz ser o responsável por criar os primeiros grupos de caminhoneiros no WhatsApp para organizar os protestos daquele ano. Hoje, Schmidt participa de quase 90 grupos na rede.

— Tá todo mundo só esperando que a tabela seja derrubada para parar tudo de novo. E, pelo que estou vendo no WhatsApp, pode ter certeza de que isso vai acontecer — afirma.

A tabela de preço mínimo do transporte rodoviário, definida às pressas pelo governo para interromper a greve no dia 27 de maio, é considerada a maior vitória dos caminhoneiros nos últimos tempos. Porém, diante da reação do empresariado e especialmente de representantes do agronegócio, eles começam a temer que essa conquista esteja com os dias — ou horas — contados.

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— Não vejo coisa muito boa vindo pela frente, mas vamos lutar para encontrar um meio-termo para ambas as partes. Esperamos encontrar um denominador comum que não prejudique o caminhoneiro. Caso contrário, podem esperar uma nova rebelião — afirma o presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José Fonseca Lopes, que esteve à frente das negociações com o governo na greve encerrada na semana passada.

O presidente da Abcam afirma que uma tabela de preço mínimo vinha sendo negociada no Congresso antes da greve e da medida provisória ser emitida. Schmidt afirma que desde 2016 essa proposta vem sendo negociada, sem sucesso — com as condições precárias de trabalho dos motoristas de caminhão no Brasil sendo ignoradas.

— Hoje, não existe categoria mais massacrada que o caminhoneiro. Há 30 anos esse profissional vem sendo explorado — afirma Schmidt, do CNT. Na avaliação dele, se os motoristas autônomos permitirem que o governo elimine essa tabela em favor das transportadoras, eles estarão perdendo uma grande oportunidade de melhorar a qualidade de seu trabalho. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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