*Por Leonardo Vieceli

O Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) negou, nesta quarta-feira (28), que importadores de couro suspenderam as compras da mercadoria no país. A eventual paralisação nos negócios foi aventada após a entidade encaminhar documento ao Ministério do Meio Ambiente na terça (27).

Continua depois da publicidade

Segundo o texto, curtumes teriam relatado pausa nas vendas devido à repercussão negativa das queimadas na Amazônia. Pelo menos 18 marcas de uma holding teriam interrompido as compras. Entre elas, Timberland, Vans e Kipling, que integram o portfólio da VF Corporation, com sede nos Estados Unidos (EUA).

Nesta quarta-feira, o CICB disse que buscou mais detalhes sobre o assunto junto aos clientes e garantiu que a ameaça não se sustentou. Em entrevista à Rádio Gaúcha, o presidente da entidade, José Fernando Bello, atribuiu o desencontro de informações a um "hiato de comunicação".

Segundo o dirigente, por causa das queimadas, as marcas resolveram apenas solicitar mais detalhes sobre a origem do produto brasileiro.

Continua depois da publicidade

— A primeira informação nem sempre sai e chega até a pessoa correta. Os curtumes entenderam que seria a suspensão total e irrestrita — pontuou.

Conforme o CICB, o Rio Grande do Sul é o principal exportador de couros e peles do Brasil. De janeiro a julho, os embarques gaúchos alcançaram US$ 186,9 milhões, baixa de 8,7% frente a igual período do ano passado. Nos primeiros sete meses de 2019, as vendas do Estado representaram 26,2% de todas as exportações registradas pelo país no período (US$ 712,6 milhões).

Apesar de reforçar que os negócios seguem com normalidade, Bello frisou que, devido aos incêndios na Amazônia, os importadores deverão exigir mais detalhes sobre o couro brasileiro no momento de fazer novas encomendas.

— Para a realização de pedidos da nova estação, a negociação irá iniciar em determinado momento e ver quais são as necessidades adicionais de informação. Neste mesmo momento, o governo terá, certamente, resolvido a questão da Amazônia — observou.

Continua depois da publicidade

O dirigente ainda destacou que as empresas do país seguem diretrizes de respeito à "produção sustentável":

— Muito couro brasileiro tem origem no bioma amazônico. Mas os curtumes são altamente qualificados na questão da produção sustentável.

Nesta quarta-feira, o CICB também divulgou nota em que garantiu a continuidade das exportações, sem eventuais prejuízos dos incêndios florestais. "Recentemente, recebemos a solicitação de levantamento de informações por parte de importadores mundiais de couro acerca do produto brasileiro, em função de notícias relacionando queimadas na região amazônica ao agronegócio do país. O indicativo de suspensão de pedidos, no entanto, não se confirmou. Fornecimento e exportações continuam normais, sendo o Brasil um dos maiores produtores mundiais de couro", comentou a entidade em nota.

Leia a nota do CICB na íntegra:

"O Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) é a associação que representa as empresas produtoras de couros do país no âmbito nacional e internacional.

Continua depois da publicidade

Recentemente, recebemos a solicitação de levantamento de informações por parte de importadores mundiais de couro acerca do produto brasileiro, em função de notícias relacionando queimadas na região amazônica ao agronegócio do país. O indicativo de suspensão de pedidos, no entanto, não se confirmou. Fornecimento e exportações continuam normais, sendo o Brasil um dos maiores produtores mundiais de couro.

Cancelamento de pedidos de couro do Brasil, ou qualquer determinação neste sentido, não estão ocorrendo, dado um trabalho de sensibilização intenso que as empresas têm feito junto a seus clientes, mostrando que têm à disposição e com facilidade uma ampla gama de dados, certificados e registros. Os curtumes brasileiros têm total segurança sobre a origem de sua matéria-prima, manejo e processos.

O Brasil é um exemplo em rastreabilidade bovina e controles sobre todas as etapas da produção de couros, seguindo um modelo amplamente reconhecido no mundo por meio da Certificação de Sustentabilidade do Couro Brasileiro (CSCB). Ademais, os curtumes do país compõem a maior parcela em todo o mundo das empresas reconhecidas pelo Leather Working Group (LWG, protocolo internacional que avalia a conformidade ambiental de fabricantes de couro).

É importante que todos os públicos tenham conhecimento sobre o potencial de prejuízo que uma imagem errônea sobre a realidade do bioma amazônico pode causar a toda a cadeia do agronegócio.

Continua depois da publicidade

José Fernando Bello, presidente executivo do CICB

28 de agosto de 2019"

Ainda não é assinante? Assine e tenha acesso ilimitado ao NSC Total, leia as edições digitais dos jornais e aproveite os descontos do Clube NSC.