A organização social Nossa Senhora das Graças, de Curitiba, assumiu ontem a administração do Hospital Municipal Ruth Cardoso, de Balneário Camboriú. A entidade possui unidades de saúde no Paraná e já administra um hospital catarinense, o Jeser Amarante, de Joinville. A entidade ficará na administração por seis meses, até a conclusão da licitação. O Ministério Público _ que abriu um inquérito para apurar irregularidades ocorridas no Ruth na gestão anterior _ adiantou ser contrário à contratação.

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Dois gestores do Nossa Senhora das Graças serão designados nos próximos dias para morar em Balneário e administrar o hospital. O restante da equipe deve permanecer o mesmo. O contrato emergencial entre o município e a organização foi firmado por seis meses. Durante este período, a prefeitura deverá providenciar uma concorrência pública para administrar o hospital. A entidade terá R$ 1,8 milhão mensal para tocar o hospital, sendo R$ 600 mil de produção do Sistema Único de Saúde (SUS).

O secretário de Saúde da cidade, Rafael Schroeder, diz que o hospital Nossa Senhora das Graças é uma instituição com 59 anos de experiência em gestão hospitalar e foi muito bem recomendado. Por conta disso, o município os procurou e as tratativas iniciaram há cerca de 40 dias.

O diretor executivo da entidade paranaense, Hertes Hassegawa, explica que a organização é uma instituição religiosa que prioriza o valor à vida. Ele admite que seis meses é pouco tempo para administrar um hospital que atende toda a região, mas espera pautar o trabalho na transparência, sempre prestando contas às comissões da prefeitura.Quando for finalizada a licitação para a contratação definitiva de um administrador, nada impede que a organização participe da concorrência.

Unidade sofreu intervenção em abril

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Os problemas do Hospital Ruth Cardoso se arrastam desde abril deste ano, quando a unidade sofreu uma intervenção municipal devido às denúncias de irregularidades recaídas sobre a antiga administradora, a Cruz Vermelha. As denúncias vão desde desvio de verba até atendimento negligente.

Na Câmara de Vereadores, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) apurou as denúncias e indiciou 16 pessoas, entre elas o prefeito Edson Piriquito, o secretário de Sáude Rafael Schroeder, e o presidente da Cruz Vermelha, Nício Lacorte.

Para o vereador Claudir Maciel (PSD), que presidiu a comissão, a contratação emergencial de uma organização para gerir o Ruth Cardoso não vai resolver o problema.Ele entende que a administração deveria ficar por conta do município para evitar a má gestão.

O promotor Rosan da Rocha, responsável pelo inquérito no Ministério Público, adianta que as denúncias sobre a situação caótica no hospital têm crescido e o próximo passo será recomendar ao município que não terceirize mais serviços administrativos para a saúde, seja qual for a unidade. Ele adiantou que essa medida pode, inclusive, brecar a contratação emergencial do hospital Nossa Senhora das Graças.

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