Está decretado: a partir desta quinta-feira (20), a tristeza não pode mais aparecer nas ruas da capital catarinense. Isto porque, o bloco SOS Enterro da Tristeza desfilou pelo Centro de Florianópolis para marcar a permanência da alegria até o último dia da programação do Carnaval de rua. Milhares de foliões lotaram a região central. A Polícia Militar (PM) ainda deve atualizar os dados sobre a folia.
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Além de reunir uma verdadeira multidão, o bloco é conhecido pela presença de personagens icônicos. Todos os ingredientes de um enterro estão por lá: a viúva, a dona morte, o coveiro e, é claro, o próprio “defunto”.
Mesmo com todos os ingredientes de um enterro reunidos, algumas características eram um pouco diferentes. O choro deu lugar à alegria e à empolgação; as homenagens ao ente querido foram substituídas pelas comemorações e a marcha fúnebre foi descartada para a entrada do samba.
Segundo o 4º Batalhão da Polícia Militar, o desfile do bloco Enterro da Tristeza teve público estimado de 44 mil pessoas.
Por volta das 18h, a Avenida Hercílio Luz já registrava muita movimentação de ambulantes e foliões. Os personagens principais da festa também já haviam dado às caras.
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Um exemplo é Jorge Freitas, 61 anos, que há quatro décadas se fantasia como a viúva da Tristeza, Carmen Lúcia.
— Eu quero trazer a alegria, a gente passa o ano todo sofrendo, com tristeza, então o Carnaval é época de ser feliz — contou enquanto se preparava para a saída do bloco.

A aposentada Silézia Machado, 67 anos, comparece todos os anos ao Enterro da Tristeza. Quando trabalhava, ia direto do local de trabalho para a festa. Agora, faz questão de ir cedo para curtir e acompanhar a preparação de todos os personagens.
— A dica para o pessoal é curtir muito, não beber e dirigir, que assim dá pra aproveitar muito — orientou.
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Outro personagem bastante conhecido da festa é o "defunto". Nelson Julio Rosa, o Telinha, representa o fim da tristeza há 14 anos e afirma que o Carnaval é "tudo" para ele.

A tradição de enterrar a tristeza
O Bloco SOS foi criado em 1982 por servidores da área da saúde com objetivo de reunir os colegas de profissão em um momento de lazer. A partir de 1995, a Associação dos Funcionários Estaduais da Saúde de Santa Catarina (Afessc) passou a organizar também o Enterro da Tristeza, o qual não acontecia há alguns anos.
A primeira edição do Enterro da Tristeza começou em 1964 organizado pelo antigo Clube Paineiras. Na época, um pequeno grupo saía pelas ruas da Capital carregando um caixão de papelão com bonecos na quinta-feira antes do Carnaval. Com o fechamento do clube, a festa passou a ser organizada pela Boate Dizzy e depois pelo Clube Ipiranga, do bairro Saco dos Limões.
Após o resgate do Enterro da Tristeza, a festa voltou a ser organizada anualmente, atraindo milhares de foliões todos os anos. O evento é tão esperado que os próprios moradores da Hercílio Luz enfeitam suas sacadas para esperar o bloco passar.
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