Tristeza foi um sentimento que não se percebeu na abertura oficial do Carnaval 2017 em Florianópolis. Enterrada desde as primeiras horas da tarde, já na concentração do tradicional bloco de sujos que desfila pelas ruas centrais da cidade na quinta-feira que antecede os dias de folia, a tristeza deu espaço para a diversão e alegria de milhares de pessoas que foram “arrastadas” pelos trios elétricos do bloco SOS em peregrinação que começou na Avenida Hercílio Luz e terminou no Largo da Alfândega, no centro da capital.

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Foliões de todas as idades caíram no samba ao som de marchinhas que deram o tom da festa cujo tema este ano foi “Revivendo Carnavais antigos”. E todos, desde moradores e turistas até os personagens do SOS defunto, viúva e coveiro, puderam saborear o início de uma festa antes ameaçada por falta de dinheiro, mas que ressurgiu para lembrar a todos: o Carnaval chegou.

Apesar do atraso no início dos festejos, devido ao cancelamento do Berbigão do Boca, que costumava abrir a folia uma semana antes da data tradicional, o presidente do SOS, José Roberto Jacques, 51 anos, estava radiante com mais uma passagem do bloco pelas ruas da cidade.

Ele, que há 22 anos ajuda a realizar o Enterro da Tristeza, uma festa que existe desde a década de 60 e passou por muitas transformações desde então, comemorava o fato de o povão não estar nem ligando para a chuva fina que caia e de o samba estar ecoando nas principais vias centrais.

— Foi um ano diferente, um ano difícil. Não só para o Enterro da Tristeza, mas para todos os blocos. A gente, graças a Deus, tivemos certo apoio da prefeitura, do governo do estado e da iniciativa privada, para conseguirmos botar o bloco na rua. E ele saiu. Isso é o mais importante para a cidade e a comunidade que gosta de Carnaval — destacou Jacques.

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O bloco SOS saiu da Avenida Hercílio Luz já passavam das 20h e no caminho muitas pessoas engrossavam as fileiras de foliões que seguiam atrás dos trios elétricos. Uma delas era Marilu Lima de Oliveira, 54 anos, há 20 correndo atrás do SOS nas quintas-feiras de Pré-Carnaval.

Entusiasta da cultura popular brasileira, se queixava da ausência do Berbigão do Boca e dos investimentos limitados no desfile das escolas de samba do grupo especial. Mesmo assim, não deixava de sambar nem nos intervalos entre uma música e outra.

Como ela também a gastrônoma Rosana Caldas, 47 anos, era só alegria em acompanhar de perto a festa da qual até o filho de nove anos, Gabriel Pedro, já é intimo.

— Quando ele era bebê, eu já o trazia para o Enterro da Tristeza. Ele vinha no carrinho, mas vinha. E hoje está aqui de novo, aproveitando o início do nosso Carnaval — afirmou.

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