Pense em um bolo, mas de dinheiro. Os investimentos são como o fermento para fazer o bolo crescer. Para não errar a receita, além de entender bem dos ingredientes, o cozinheiro precisa se conhecer. Aguenta pressão? É imediatista? Tem paciência para bater o bolo? Na cozinha, assim como nos investimentos, o fator humano é tão importante quanto o técnico. Por isso, o primeiro passo para começar a investir, é saber o seu perfil.

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A analista de investimento Bruna Sene cita três tipos e aponta as características. O primeiro é o investidor conservador, aquele que busca um rendimento, mas não deseja buscar riscos pra buscar rendimentos melhores. O segundo é o investidor agressivo, aquele que está disposto a correr maiores riscos em busca de maiores retornos. E o existe o moderado, que seria o meio termo entre os outros dois.

– O brasileiro, até por uma questão cultural de investir na poupança e imóveis, tem o perfil mais conservador. Hoje, temos 29% dos brasileiros investindo na poupança e apenas 3% dos brasileiros investem em ações, na bolsa de valores – pontua Bruna.

A empresária Alice Ribeiro Twardowski é um exemplo. Ela tem as economias da vida na poupança:

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– Comecei a trabalhar desde os 14 anos, todo o dinheiro que eu recebia eu ajudava um pouco a minha mãe em casa e outro pouco eu fui ensinada a guardar desde muito cedo. Aprendi a guardar o meu dinheiro e abri uma conta poupança. Todo o dinheiro que eu recebia eu guardava lá – conta ela.

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A poupança é considerada um investimento seguro, mas no atual momento da nossa economia, significa investir para perder dinheiro.

– A poupança hoje, quando a gente pega o rendimento dela anual, ela segue abaixo da inflação. A gente tem que pensar os nossos investimentos em termos reais. O que é termo real? Quanto que isso está me rendendo acima da inflação – explica o economista Marco Caruso.

Quem quer entrar no mundo dos investimentos, é preciso entender conceitos básicos. Na renda fixa é possível prever qual o rendimento final em um período tempo. E os tipos de investimento deste grupo são estipulados pela taxa básica de juros, a Selic.

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A bolsa de valores lida, principalmente, com a renda variável, como o mercado de ações. A oscilação é maior e não há a garantia de retorno. É um sobe desce que requer experiência. As ações são pequenos fragmentos de uma empresa. Ao comprar uma ação, você está se tornando sócio. Assim, quanto maior o número de ações, maior a participação.

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Engana-se quem acha que este é um mercado de apostas. Há muita estratégia e conhecimento por trás das negociações. Para quem está começando ou simplesmente não quer dor de cabeça, o mais seguro é procurar corretoras. Especialista em investimento, Richardson Ribeiro atua há anos no mercado financeiro:

– Estou focado nos meus objetivos de vida, que é me aposentar ou parar de trabalhar, reduzir meu ritmo de trabalho. E pra isso eu preciso poupar mensalmente. Dentro dessa poupança mensal, a bolsa corresponde a um percentual que hoje na minha carteira está girando em torno de 40% – comenta ele.

Tudo é uma questão de avaliar quão confortável você está em se expor ao risco e explorar. Um dos novos tipos de investimento são as criptomoedas. Elas são como um dinheiro que só existe na internet. A mais famosa é a bitcoin, mas a estimativa é que existam 13 mil.

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Por mais que hoje você faça operações digitais, como transferências, PIX e pagamentos, por exemplo, tudo isso passa pelo banco. Nas criptomoedas não tem intermediário. O valor é transferido de uma pessoa para outra diretamente, em qualquer lugar do mundo, sem passar por uma instituição financeira.

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Encontrar bitcoins para comprar não é uma tarefa muito simples. Eles são escassos, por isso os valores oscilam muito. Além do coração forte para as flutuações, o investidor tem que manter os olhos bem abertos para não cair em golpes.

– Estou nesse mercado de bitcoin desde 2017 e uma das coisas que eu mais combato sempre são os golpes de criminosos que prometem ganhos atrelados a bitcoin, a criptomoedas. Se alguém prometeu algum tipo de rentabilidade, fuja! – alerta o economista Lorenzo Frazzon.

Os tipos de investimentos mais comuns

Antes você viu que os investimentos são como o fermento em uma receita de bolo. Só que tem um detalhe importante que ficou como um segredinho do chef: quanto mais tempo o fermento ficar agindo, maior será esse bolo.

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Quando o assunto é investimento, ele pode ser de curto, médio ou de longo prazo. A escolha entre eles depende do objetivo. Alguns investimentos têm vencimento, um prazo para resgate, e nesses casos já se sabe quanto ele vai render ao final de cada período. Mas nada impede que você retire antes.

– Quanto maior o prazo, maior o seu retorno. O ideal é que você não precise retirar esse dinheiro num prazo curto de tempo. Primeiro monte sua reserva de emergência, que eu também chamo de reserva de liquidez, de oportunidade – explica a analista de investimento Bruna Sene.

– O investidor que está começando ele tem que entender primeiro qual é o objetivo dele com aquele investimento, porque aí ele vai entender o horizonte de investimento, ou seja, quanto tempo ele quer deixar aplicado. E entender a tolerância dele a essas oscilações – complementa a analista de investimento Clara Sodré.

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Os investimentos em curto prazo são aqueles que você pretende usar ao longo dos próximos dois anos. Devem ter a vantagem da rapidez para o resgate, que é a liquidez alta, para servir também como uma reserva de emergência caso tenha algum problema financeiro.

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Quem pensa em usar o dinheiro entre dois e cinco anos deve procurar os investimentos de médio prazo. Já pensando mais à frente, têm os investimentos a longo prazo. Geralmente, essa pessoa está de olho na independência financeira ou aposentadoria. Mas se você tem dificuldade em pensar tão distante, saiba que isso é natural.

– O tempo para o nosso cérebro ainda é priorizando o curto prazo. Evolutivamente a gente precisou lidar assim com o tempo. Uma criança de sete anos não consegue entender o que são duas semanas, não consegue dimensionar isso. Um adulto consegue, mas ele não consegue dimensionar cinco anos, o que são 10 anos, o que são 20 ou 30 anos. Por isso, é muito difícil olhar para o longo prazo e se planejar – pondera o especialista em educação financeira Thiago Godoy.

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Um dos mais famosos de longo prazo é a previdência privada, um complemento à previdência pública social. O empresário Aramis Siqueira começou a planejar a aposentadoria aos 32 anos.

– Você já tem que contribuir mais e aplicar mais anualmente o quê, o 13º salário, que é o que eu faço. Faz total diferença, porque é a tua rentabilidade. Quanto mais dinheiro, mais está rendendo os juros para você – diz o investidor.

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Mas você pode ter outros tipos de investimento que ficam agindo e rendendo por muitos anos, e você desfrute só quando se aposentar.

– O tempo joga a favor de você. Começar cedo os seus investimentos para acumular juros em cima de juros. Mesmo que seja um valor pequeno, ele é maior do que zero. E lá na frente, vai ter passado o tempo na sua aposentadoria, ele vai fazer a diferença – pondera o economista Marco Caruso.

Tem um elemento, que costuma tirar o sono de quem tem dívidas, mas que é o melhor amigo para quem tem investimentos: os juros compostos. Experimente deixar de pagar a fatura do cartão de crédito. A conta só cresce com o passar dos meses. E é esse mesmo crescimento que acontece com o dinheiro investido.

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Imagine um investimento que rende 1% ao mês a partir de janeiro. Em fevereiro, o saldo de R$ 1mil reais terá passado para R$ 1.010. E aqui está o pulo do gato: no próximo mês, esse juro de 1% será sobre o saldo de fevereiro, e não sobre o capital inicial de R$ 1mil. Em março, R$ 1.020,10. E assim seguirá, até que em um ano o saldo final será de R$ 1.115,66. Imagine daqui cinco anos (R$ 1.816,70), 10 anos (R$ 3.300,39) ou 20 anos (R$ 10.892,55).

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O mais difícil para quem está começando no mundo dos investimentos é sair da inércia. Tudo o que é novo gera insegurança e desconforto. Mas com conhecimento, a tendência é melhorar a qualidade de vida.

– Têm muitos mitos e muitas ideias errôneas sobre como é a entrada do dinheiro. Até mesmo olhando para a construção histórica da nossa sociedade, com muitas desigualdades, isso afeta a visão das pessoas sobre a construção de patrimônio, sobre a possibilidade, sobre dinheiro. E é uma desconstrução de fato difícil, mas precisamos falar sobre para quebrar esse primeiro contato e as pessoas conseguirem avançar – comenta analista de investimento Clara Sodré.

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