Frigoríficos brasileiros estão suspendendo o fornecimento de carnes a supermercados do Grupo Carrefour no Brasil. O boicote afeta tanto o Carrefour quanto suas outras redes, como Sam’s Club e Atacadão, que somam cerca de 1.180 lojas no país, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec). Em Santa Catarina, a empresa atua principalmente na Grande Florianópolis e em Joinville.
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O boicote dos frigoríficos brasileiros ocorre após o CEO global da empresa francesa, Alexandre Bompard, divulgar um comunicado em suas redes sociais no qual dizia que a gigante francesa não comercializaria mais carnes provenientes do Mercosul – bloco formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
Na sexta-feira (22), a Revista Globo Rural informou que JBS, Marfrig e Masterboi haviam suspendido a venda de carnes para o Carrefour. O g1 confirmou a paralisação por parte da JBS e da Masterboi.
Nesta segunda (25), o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, afirmou que se sente “feliz” com a reação de frigoríficos brasileiros em suspender o fornecimento de carne ao grupo Carrefour no Brasil.
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— Não é pelo boicote econômico. O problema é a forma com que o CEO do Carrefour tratou, o primeiro parágrafo da carta, da manifestação dele, que fala com relação à qualidade sanitária das carnes brasileiras, que é inadmissível falar — declarou, à Globonews.
Em nota divulgada nesta segunda (25), o Carrefour informou que “decisão pela suspensão do fornecimento de carne impacta nossos clientes” e que busca soluções para retomar o abastecimento do produto nas lojas.
Como começou a crise
O embate entre o Grupo Carrefour e os frigoríficos brasileiros começou na última quarta-feira (20). O CEO global da empresa, Alexandre Bompard, divulgou um comunicado em suas redes sociais no qual dizia que a gigante francesa não comercializaria mais carnes provenientes do Mercosul. A carta de Bompard foi endereçada a Arnaud Rousseau, presidente do sindicato de agricultores franceses.
“[A empresa] assume hoje o compromisso de não comercializar nenhuma carne proveniente do Mercosul”, escreveu. “Estamos prontos, qualquer que seja o preço e a quantidade de carne que o Mercosul venha a nos oferecer”.
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Agricultores franceses fizeram diversas manifestações nos últimos dias contra um acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul. Um dos receios deles é de que o tratado torne os produtos agrícolas sul-americanos mais baratos no território, reduzindo a competitividade das mercadorias europeias.
Segundo os dados da Associação Brasileira de Indústrias, o peso da União Europeia correspondeu a apenas 3,39% do que foi exportado de carne bovina brasileira pelo mundo. E do total exportado à UE, a França significou apenas 0,66%, informou o Ministério da Agricultura e Pecuária.
Um dia depois da carta publicada pelo CEO, o escritório do Carrefour na França disse ao g1 que a medida anunciada valia apenas para as lojas da rede no país. Todas as demais nações onde o grupo atua, ainda cofnorme a nota,continuaria comercializando carne do Mercosul, bem como em países que utilizam o modelo de franqueado.
À tarde, a rede de supermercados esclareceu que quase 100% da carne comprada nas lojas da França é produzida lá — ou seja, a restrição deverá ter impacto pequeno nas exportações dos países do Mercosul.
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Repercussão
Um dia após o anúncio, na quinta-feira (21), a JBS, Marfrig e Masterboi interromperam o fornecimento de carne bovina ao Carrefour, assim como para outras duas lojas do grupo, o Atacadão e o Sam’s Club.
Uma fonte disse a Revista Globo Rural que “caminhões da JBS que estavam no percurso para a entrega nas lojas voltaram para trás”.
A Federação das Associações Rurais do Mercosul (Farm) também repudiou, na quinta-feira (21), a decisão anunciada por Bompard.
“Os produtores rurais da Farm e suas entidades aqui representadas não aceitarão ataques injustificados e se reservam o direito de reagir de maneira firme, seja por vias econômicas ou institucionais, para proteger a imagem e os interesses do setor agropecuário de seus países”, diz a nota.
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O que diz o Carrefour
“Nós, do Grupo Carrefour Brasil, lamentamos profundamente a atual situação e reafirmamos nossa estima e confiança no setor agropecuário brasileiro, com o qual sempre mantivemos uma relação sólida e de parceria. Entendemos a importância deste setor para a economia e para a sociedade como um todo, e continuamos comprometidos com o fortalecimento dessa relação.
Infelizmente, a decisão pela suspensão do fornecimento de carne impacta nossos clientes, especialmente aqueles que confiam em nós para abastecer suas casas com produtos de qualidade e responsabilidade.
Há 50 anos temos construído e mantido uma excelente relação com nossos parceiros e fornecedores, pautada pela confiança mútua. Por isso, estamos em diálogo constante na busca de soluções que viabilizem a retomada do abastecimento de carne nas nossas lojas o mais rápido possível, respeitando os compromissos que temos com nossos mais de 130 mil colaboradores e com milhões de clientes em todo o Brasil.
Reiteramos nosso compromisso com o país, o respeito ao consumidor e a transparência em todas as etapas deste processo. Seguiremos trabalhando para resolver essa situação da melhor forma possível, sempre com o objetivo de atender com qualidade e excelência aos nossos clientes.”
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*Com informações do g1 e do Uol
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