As donas de casa sabem muito bem. Da noite para o dia, o preço do tomate pode dobrar. Foi isso o que ocorreu no final de novembro: a caixa com 20 quilos passou de R$ 23 para R$ 45. Nenhum outro item tem comportamento igual.
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Com um consumo per capita de 18 quilos por ano, o tomate não é exatamente insubstituível.
– O tomate é o segundo item com maior peso, com 16%, atrás apenas da carne, com 37%, mas não é tão essencial quanto arroz e feijão na mesa das pessoas – explica o supervisor do Dieese, José Álvaro de Lima Cardoso.
Segundo ele, o problema é que o tomate é o item mais perecível. Além disso, parte da produção é processada em massa de tomate, catchup e outros derivados. Apenas a metade é comercializada in natura.
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Segundo Ilmar Borchardt, gerente do Epagri/Cepa, existe uma grande dinâmica na movimentação do tomate por causa das diferentes épocas de produção no Brasil, distâncias em relação aos centros consumidores e as mudanças próprias de mercado.
O tomate da região de Caçador, por exemplo, tem como destino o Paraná e São Paulo. Nesta época do ano, cerca de 40% do tomate comercializado na Ceasa de São José é proveniente da Grande Florianópolis. O restante, de outros estados da federação.
Mas qualquer mudança climática mais abrupta ou praga pode acabar com a produção de determinado local. Daí os estados consumidores são obrigados a pagar mais por frete de regiões mais distantes.
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– O preço do tomate varia bastante, por se tratar de produto de vida curta. Não há um comportamento sazonal nesses preços. Em novembro do ano passado, custava R$ 30 – explica.
Caçador é a cidade líder no Estado
Nos supermercados, a variação de preços é ainda mais dramática, segundo o presidente da Rede Giassi, Zefiro Giassi:
– Em semanas de muita chuva ou de muita seca, a oscilação do preço é violenta. A variação é mais do que diária. Tem dias que o preço do tomate muda três, quatro vezes. No Ceasa, se comprar às 4h é um preço, às 5h é outro e às 8h é outro – conta.
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Outro problema é que a perda da fruta é grande. Pode chegar a 80%.
– A perda média de hortifrutigranjeiros é de 10% a 15%. No tomate, já tive que colocar 80% de uma remessa fora porque o produto parecia bom num dia e, no outro, estava imprestável. Como não dá para ficar sem tomate no supermercado, somos obrigados a pagar o preço e colocar a nossa margem em cima. Por isso, às vezes a concorrência está com o preço bem diferente. Depende da sorte, do produto ser bom e da hora da compra – diz Giassi.
Produto deve ser cultivado
próximo dos consumidores
A produção de tomates está distribuída em todo o globo porque o produto não aguenta grandes viagens, é muito perecível e só pode ser transportado por até 700 quilômetros. Na América do Sul, o Brasil é o maior produtor. Segundo dados do Instituto Cepa, da Epagri, o principal produtor nacional é Goiás, responsável por 27,5% da produção.
A produção de 186 mil toneladas na safra 2010/11 coloca SC como sétimo maior produtor nacional, atrás do Rio de Janeiro. Caçador, com 1 mil hectares plantados, permanece absoluto como município de maior área plantada, com produtividade de 85 mil quilos por hectare – o equivalente a 45,5% da safra estadual.
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Águas Mornas, com uma área de 200 hectares, é o segundo município com maior área plantada em SC, com uma produtividade de 50 mil quilos por hectare. Lébon Régis e Urubici, plantando 190 e 150 hectares respectivamente, apresentam a melhor produtividade estadual, ou seja, 100 mil quilos por hectare.