A pandemia da Covid-19 tirou a vida de milhares de catarinenses nos últimos 19 meses. Até esta quinta-feira (28), Santa Catarina havia registrado 19.626 mortes, segundo dados do Painel Coronavírus do NSC Total. Mas, em duas cidades do Oeste, o cenário é outro. Isto porque Flor do Sertão e Novo Horizonte são as únicas do Estado que não registraram mortes desde o início da pandemia. 

Continua depois da publicidade

> Receba as principais notícias de Santa Catarina pelo Whatsapp

Até o momento, 293 municípios registraram ao menos uma morte por Covid-19. A última cidade a entrar na estatística foi Tigrinhos, também no Oeste. O município ficou 15 meses sem mortes, até que no dia 2 de junho confirmou sua primeira vítima, uma mulher de 82 anos, sem comorbidades.

Sendo assim, Flor do Sertão e Novo Horizonte seguem sendo as únicas sem óbitos causados pelo coronavírus.

Além de ficarem na mesma região, as duas compartilham outra semelhança: têm menos de 5 mil habitantes. Flor do Sertão, de acordo com dados do IBGE, tem pouco mais de 1.575 mil moradores, enquanto Novo Horizonte tem 2.366 habitantes.

Continua depois da publicidade

A estrutura para atendimento à população também é a mesma: os dois municípios contam com apenas uma unidade de saúde, o que os obrigou a realizar mudanças durante a pandemia.

> SC tem 4 regiões em risco moderado para Covid-19

Pandemia fez Flor do Sertão repensar estrutura 

Até esta quinta-feira (28), 198 casos da Covid-19 foram confirmados em Flor do Sertão desde o início da pandemia, sendo que cinco ainda continuam em recuperação. Isto siginifca que 12,57% da população já foi infectada pelo vírus. 

De acordo com a secretária de Saúde do município, Maristela Cassol Valler, a maioria dos pacientes teve sintomas leves – apenas dois precisaram ser encaminhados a hospitais da região para intubação.

A cidade do Oeste catarinense também adotou medidas para evitar a disseminação do vírus. A primeira delas foi remanejar a estrutura da única unidade básica de saúde do município e aumentar o horário de atendimento. 

Continua depois da publicidade

— Primeiro nós vimos que a Covid-19 era uma coisa diferente. Quando vimos que ela não ia passar e que só ia aumentar, reprojetamos nossa unidade de saúde, criando uma sala especial para atendimento da doença — explica Maristela.

Além disso, o município passou a adotar um protocolo diferenciado com os profissionais que atuavam na linha de frente: todos os uniformes, utilizados por eles, eram lavados na própria unidade. O objetivo era evitar a circulação do vírus. 

> Pandemia terminará ‘quando todo mundo decidir’ acabar com ela, diz chefe da OMS

Segundo a secretária, outro ponto que, na visão dela, ajudou a evitar vítimas graves foi a busca ativa de casos suspeitos e o início imediato do tratamento. 

— Os agentes não pararam de trabalhar. Eles faziam visitas em 100% das casas, orientando para que, se a pessoa tivesse sintoma gripal, procurasse atendimento o mais rápido possível. Esse atendimento precoce ajudou as pessoas. Tudo que foi atendido rápido teve um melhor resultado — diz.

Continua depois da publicidade

Atualmente, além de monitorar os casos de Covid, a cidade também continua com a campanha de vacinação. Segundo dados do Monitor da Vacina do NSC Total, 80,75% da população já completou o esquema vacinal, seja com a segunda dose ou a vacina de dose única.

Vacinação é fundamental para continuar no combate, diz secretário de Novo Horizonte

Em Novo Horizonte, a rede municipal de saúde também teve que se adaptar com a chegada da pandemia, com a readaptação do atendimento. Até esta quinta (28), 262 casos foram confirmados na cidade, o que representa 11% da população infectada. No momento, não há pessoas em tratamento da doença.

Para o secretário de Saúde do município, Rogério Acássio Mascarello, a comunicação com a população foi fundamental para conter os números. 

— O que fizemos nesses 19 meses de pandemia foi toda uma comunicação com a população sobre os cuidados, além de criar condições para dar todo o atendimento com segurança aos nossos municípes, já que em um primeiro momento ficamos preocupados em relação à Covid — explica.

Continua depois da publicidade

O atendimento também foi algo que, na visão do secretário, auxiliou para os bons números. Todos os pacientes confirmados recebiam acompanhamento de um profissional, que verificava diariamente a evolução da doença. Assim como em Flor do Sertão, apenas dois moradores da cidade necessitaram de intubação. 

> Relatório da CPI da Covid é aprovado e pede 80 indiciamentos, inclusive de Bolsonaro

O município também publicou portarias e decretos para controlar os números na região. Mascarello salienta que isso fez com que a população colaborasse e respeitasse as medidas, mesmo com o momento atual da pandemia. Agora, ele diz que o foco está na vacinação. 

— Agora exige toda uma continuidade do atendimento voltado para Covid. Vamos continuar reforçando os cuidados e com um médico atendendo somente pacientes com suspeita. Nós trabalhamos bastante para que a população se vacinasse, mostrando que ela [a vacina] é de graça e que é muito eficaz, isso com que a maioria colaborasse para que não acontecesse o pior — pontua.

Segundo o Monitor da Vacina, 80,74% dos moradores de Novo Horizonte já tomaram as duas doses ou a vacina de dose única e estão completamente imunizados. 

Continua depois da publicidade

Em outubro, 212 cidades não registram mortes em SC

De acordo com os dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES), ao menos 16.626 pessoas já morreram, vítimas da Covid, em Santa Catarina. Só nesta quinta-feira, mais 16 mortes foram confirmadas.

Em outubro, até esta quinta, são 303 vítimas. Porém, os dados apontam que houve uma queda no número de cidades com vítimas. Isto porque, entre os dias 1º e 27 de outubro, 212 municípios não registraram mortes por Covid-19, o que representa 71.8% do Estado. No mês de setembro, por exemplo, durante todo o mês, foram 178 cidades sem vítimas. 

Leia também

Vídeo mostra “briga de portas” durante discussão entre motoristas em Florianópolis

Santa Catarina tem uma nova empresa bilionária

“Tentei ajudar e afundei”, diz mulher que atolou em areia de Balneário Camboriú