A cidade de Palhoça, na Grande Florianópolis, tem mais da metade dos casos de dengue registrados neste ano em Santa Catarina. O município tem 650 registros confirmados, em um total de 1.162 pacientes autóctones — que tiveram a doença contraída no Estado. Proporcionalmente, o número representa 56% dos casos.

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Em relação ao total de casos em SC, incluídas as infecções ocorridas fora do Estado, o número de Palhoça também chega a quase metade — 49%, de um montante de 1.331 registros. Os dados são do último boletim da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive-SC), divulgado nesta semana com dados atualizados até 4 de março.

A situação de Palhoça é a mais grave de uma região que já desponta como a mais problemática do Estado no combate à dengue em 2023. A Grande Florianópolis tem 813 casos, o que significa que sete em cada 10 pacientes contraíram a doença na região da capital catarinense. Além de Palhoça, outra cidade que se destaca é a própria Florianópolis, que já decretou epidemia de dengue e soma 129 casos na estatística da Dive. De acordo com o município, já foram contabilizados ao menos 147 casos.

Mas por que Palhoça concentra mais da metade dos casos de dengue de SC? O secretário de Saúde do município, Rosiney Horácio, acredita que o fato de a cidade ter registrado muitos alagamentos em função de chuvas desde o início do ano contribuiu para uma escalada de casos desde janeiro.

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— Isso veio a fazer vários criadouros do mosquito Aedes aegypti, e como é uma comunidade muito próxima, a doença se espalhou, em uma curva geométrica cresce muito rápido. Essa questão dos alagamentos, e também devido a ter o mosquito nascendo muito nesta época do ano, por conta do calor, torna-se um ambiente muito estável para o mosquito se proliferar — afirma.

Ele também cita que nos bairros com mais casos, é comum que moradores armazenem materiais recicláveis, o que também contribui para acumular água e servir como abrigo para a reprodução do mosquito.

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O que está sendo feito

O município decretou emergência nesta sexta-feira (10) por conta dos casos de Covid. Segundo os números do município, já são 984 casos confirmados e quase 1,2 mil suspeitos, em investigação. Entre as ações tomadas até agora estão ações de limpezas nas localidades, que devem continuar ocorrendo.

— Vamos nos bairros mais atingidos, que são Frei Damião e Brejaru, no sábado com toda nossa equipe da saúde para fazer o preventivo, de orientação, exames, para sermos bem pontuais nestas ações — afirmou o prefeito em exercício de Palhoça, Amaro Júnior.

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Mais pessoas sem a doença nos últimos anos

O diretor da Dive-SC, João Augusto Brancher Fuck, afirma que o fato de a Grande Florianópolis não ter registrado nível tão intenso de transmissão da dengue no ano passado faz com que haja mais pessoas suscetíveis à contaminação.

Isso ocorre porque, segundo ele, não é comum observar transmissão tão intensa da doença durante anos seguidos nas mesmas regiões. Com isso, neste ano a Grande Florianópolis estaria mais exposta a altos números de casos.

Apesar disso, ele frisa que o principal risco de disseminação da doença se dá pelo nível de infestação do mosquito Aedes aegypti. E nesse momento, o Estado tem 145 municípios infestados.

— A infestação permanece, tivemos pessoas chegando doentes a essas regiões (que hoje registram mais casos), e isso é vetor de transmissão. Neste momento ela está concentrada, mas há risco de que outras regiões venham a ter aumento de casos nas próximas semanas — alerta.

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Situação motivou reunião com secretária de Saúde de SC

A situação das cidades da Grande Florianópolis motivou uma reunião emergencial na manhã desta sexta-feira, em Palhoça. Representantes de prefeituras do município e de São José discutiram a situação com a secretária de Estado da Saúde, Carmen Zanotto.

Em São José, que já decretou situação de emergência por causa da dengue, o município informa que já registrou 119 casos em pouco mais de dois meses, praticamente o mesmo número registrado ao longo de todo o ano passado.

No encontro desta sexta, a secretária estadual de Saúde informou que vai pedir ao Ministério da Saúde urgência na liberação da vacina contra a dengue. O imunizante teve registro aprovado pela Anvisa na semana passada e tem previsão de chegar ao Brasil no segundo semestre deste ano.

Além disso, Carmen também informou que pretende pedir ao Ministério da Saúde auxílio para financiar a contratação de mais agentes de endemias para cidades afetadas pela dengue, e também viabilizar pesquisas junto à Fiocruz nas áreas mais infestadas de SC.

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— Vamos levar ao Ministério da Saúde a situação de Santa Catarina, porque no ano passado, foi uma situação muito crítica em relação ao elevado número de óbitos — detalhou a secretária de Estado, em entrevista à CBN Floripa.