Os manifestantes que bloqueiam rodovias em todo o país nesta quarta-feira (8) têm como principais motivações duas pautas defendidas por Jair Bolsonaro (sem partido). Uma delas é a volta do voto impresso e a outra é o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF), alvo de críticas do presidente da República nos atos do 7 de setembro.
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Rodovias de SC seguem com bloqueios após atos de 7 de setembro; veja
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Bandeira levantada por Bolsonaro, o voto impresso foi rejeitado ainda em agosto pelo plenário da Câmara dos Deputados, o que excluiu as possibilidades de mudar o modelo de votação nas próximas eleições.
Além disso, o fechamento do STF é incostitucional, já que o Poder Judiciário é o responsável por interpretar as leis de acordo com a legislação. Juristas de todo o país concordam que acabar com o STF, um dos três poderes previstos na Constituição de 1988, seria um golpe de Estado.
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Em entrevista à CBN Diário, o presidente da Federação das Empresas de Transporte de Carga e Logística no Estado de Santa Catarina (Fetrancesc), Ari Rabaiolli, confirmou que entre as pautas do movimento não estão temas que impactam diretamente a categoria, como o aumento dos combustíveis. Ao contrário, os protestos pedem pelo “impeachment do STF” e pelo “voto auditável”.
– Os que estão à frente desse movimento não representam as lideranças dos caminhoneiros. Até porque as pautas não trazem benefício ao caminhoneiro. O caminhoneiro que tem financiamento de um caminhão, que precisa sustentar a família, acaba prejudicado também – criticou.
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O movimento foi organizado por caminhoneiros autônomos, um dia após manifestantes favoráveis ao presidente pedirem, dentre outras pautas, o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso Nacional.

As interdições iniciaram durante o feriado da Independência e ganharam volume ao longo da quarta-feira, com adesão de caminhoneiros em pelo menos 14 Estados.
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Além de Santa Catarina, que segue com 10 pontos parcialmente bloqueados entre rodovias federais e estaduais, houve registros em Rio Grande do Sul, Paraná, Goiás, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rondônia, Pará, Roraima, Bahia e Tocantins.
Em nota, a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística) manifestou “total repúdio” às paralisações organizadas por caminhoneiros, por influência de supostos líderes da categoria.
“Trata-se de movimento de natureza política e dissociado até mesmo das bandeiras e reivindicações da própria categoria, tanto que não tem o apoio da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos”, escreveu a associação.
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Manifestações perdem força
A ação, motivada por Bolsonaro, perdeu força no terceiro dia de protestos, quando o chefe de Estado voltou atrás.
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Ele pediu para que as estradas fossem liberadas, através de uma mensagem de áudio encaminhada aos apoiadores em que menciona que a interrupção do trânsito prejudica a economia.
“Fala para os caminhoneiros aí que [eles] são nossos aliados, mas esses bloqueios aí atrapalham a nossa economia. Isso provoca desabastecimento, inflação, prejudica todo mundo, em especial os mais pobres. Então, dá um toque nos caras aí, se for possível, para liberar, tá ok? Para a gente seguir a normalidade”, dizia Bolsonaro.
O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes Freitas, também precisou vir à tona em um vídeo para reforçar o pedido.
Resposta do STF
Em resposta aos ataques e críticas do presidente da República, o ministro Luiz Fux, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), manifestou-se durante a sessão da Corte nesta quarta-feira.
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Em sua fala, Fux disse que tem sido cada vez mais comum que alguns movimentos invoquem a democracia como pretexto para a promoção de ideais antidemocráticos e enfatizou que descumprir decisões judiciais, além de ser um atentado à democracia, é crime de responsabilidade.
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— O Supremo Tribunal Federal não tolerará ameaças à autoridade de suas decisões. Se o desprezo às decisões judiciais ocorre por iniciativa do chefe de quaisquer dos poderes, essa atitude, além de representar um atentado à democracia, configura crime de responsabilidade a ser analisado pelo Congresso Nacional – afirmou o presidente do STF.
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