A movimentação intensa dos últimos dias para concluir os trabalhos de recuperação da margem esquerda do rio Itajaí-Açu camufla os problemas que causam o atraso de mais de dois anos na entrega da obra de 1,5 mil metros de extensão entre a Prainha e a Ponte de Ferro, no Centro de Blumenau. A demora para entrega da obra de limpeza da encosta e do fundo do rio e colocação do muro de pedras – enrocamento – passa, principalmente, pela situação financeira em que se encontra a Construvias Pavimentações Ltda, líder do consórcio que venceu a licitação para a obra em 2012, composto ainda pela empresa Geosolo Engenharia, Planejamento e Consultoria.
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Cobranças que somam R$ 1,7 milhão em títulos protestados e 75 processos trabalhistas em Blumenau são alguns números da empresa responsável por outras obras, entre elas a construção da galeria e da ponte da Rua Júlio Rudiger Sênior, destruídas pela enchente de 2008 e que apesar de já estar fisicamente pronta, ainda consta como paralisada no Portal da Transparência; as pontes das ruas Erich Belz e Selma Volles, que já foram concluídas; e as pontes das ruas Mariana Bronemann e Bernardo Reiter, que foram rescindidas depois de sucessivos atrasos.
O prazo inicial para conclusão da obra da margem esquerda, que começou em agosto de 2012, era de 12 meses. A nova previsão de entrega calcula ainda cerca de 45 dias trabalhados, de acordo com a prefeitura, o que deve contabilizar, quando a primeira etapa for entregue, 39 meses de obra – contando o prazo contratual e os outros 27 meses de atraso. Na licitação, a Construvias apresentou o menor orçamento, R$ 15,6 milhões, e se classificou em primeiro lugar entre as cinco empresas participantes. Em junho de 2013, quando a primeira etapa da obra já deveria estar na reta final, a prefeitura divulgou um novo cronograma de trabalho já prevendo atraso de cerca de oito meses para a entrega. Desde então a obra evolui lentamente e com agravantes.
O contrato da empresa que fazia a fiscalização da obra foi suspenso pela Justiça, que questionou a contratação feita com dispensa de licitação. Os trabalhos ficaram parados até março de 2014 e então a obra demorou para ter ritmo novamente e só se intensificou nos últimos dois meses. Segundo o prefeito Napoleão Bernardes, a empresa teria se descapitalizado enquanto a obra ficou suspensa e, por isso, teve dificuldades de retomar o andamento.
Um único aditivo de prazo para foi assinado em novembro de 2014 – já com um ano e três meses de atraso -, estendendo o acordo até 20 de setembro de 2015. Ou seja: mesmo aumentando legalmente o prazo, a obra ainda vai ser entregue depois do vencimento do contrato e, mesmo assim, a novela da margem esquerda não terá seu capítulo final. A prefeitura ainda trabalha para garantir os recursos necessários para a segunda etapa, a urbanização da obra, que prevê a construção de calçada, ciclovia e até mirante.
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