A deputada federal Flordelis (PSD-RJ), denunciada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por envolvimento no assassinato do marido, teve seu mandato cassado pela Câmara na quarta-feira (11) por 437 votos. Na decisão, chamou atenção um voto específico entre os contrários à suspensão da parlamentar: a posição do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), considerado uma pessoa “fora” da linha ideológica da ex-colega de plenário.
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Em seu quarto mandato na Câmara, Braga, de 39 anos, é defensor dos direitos humanos, além de ser contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Nas redes sociais, por exemplo, são comuns postagens do parlamentar contrárias às propostas e atitudes do atual governo.
Além disso, em maio, o nome do deputado ganhou destaque quando ele foi apresentado como pré-candidato à presidente da República nas próximas eleições, em um manifesto assinado por vários membros do PSOL, como a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), que é sua esposa. Porém, na ocasião, o presidente do partido, Juliano Medeiros, considerou o debate “importuno no momento”.
Sobre a escolha por votar pela não cassação de Flordelis, o deputado alegou o direito à ampla defesa e ao contraditório, segundo informações do Metrópoles. Além disso, ele chegou a defender que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), acatasse o pedido dos advogados da deputada para que o mandato dela fosse suspenso até a conclusão do processo a respeito da morte de Anderson do Carmo.
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— Não posso ser considerado, nem de longe, um aliado da parlamentar. Mas houve uma proposta objetiva por parte da defesa de suspensão da parlamentar até que ocorresse o júri, que é quem tem a possibilidade de, do ponto de visa constitucional, avaliar, de maneira concreta, a existência ou não do crime e, mais especificamente, se a parlamentar foi autora — argumentou durante a sessão.
Nas redes sociais, Glauber Braga diz que voto pela cassação seria incoerente
Após uma série de críticas sobre o voto, Braga usou as redes sociais para justificar a decisão pela não cassação da deputada. Ele disse que “seria incoerência cassar o mandato antes de julgamento e dizer que defendo agenda antipunitivista”.
O deputado também alega que teria menos “desgaste” se voltasse a favor do pedido, mas que isso o faria se sentir “covarde por estar caminhando contra as minhas convicções”.
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Confira os deputados que também votaram contra a cassação de Flordelis
- Carlos Gaguin (DEM-TO)
- Dimas Fabiano (PP-MG)
- Fausto Pinatto (PP-SP)
- Jorge Brasa (Republicanos-RJ)
- Leda Sadala (Avante/AP)
- Maria Rosas (Republicanos-SP)
- Glauber Braga (PSOL-RJ)
Relembre o caso
O pastor Anderson do Carmo foi assassinado depois de chegar em casa com Flordelis, em Niterói, na região metropolitana do Rio, em junho de 2019. Ele foi alvo de vários tiros na garagem da residência. Na ocasião, ela afirmou que o marido tinha sido morto durante um assalto e alegou que o casal estava sendo perseguido por homens em uma moto.
Em agosto de 2019, 1 dos 55 filhos da pastora disse à Polícia Civil que acredita que a mãe tenha sido a “mentora intelectual” do assassinato do marido, o que ela nega.
De acordo com investigações da Polícia Civil, o plano para matar o pastor teve início em maio de 2018, com um envenenamento em doses por arsênico.
A deputada foi indiciada pela polícia e denunciada sob acusação de homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio, falsidade ideológica, uso de documento falso e organização criminosa majorada. Para a polícia, a motivação do crime foi a insatisfação com a maneira que o pastor Anderson administrava a vida financeira da família.
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Flordelis não foi presa por causa da imunidade parlamentar. Nesse caso, apenas os flagrantes de crimes inafiançáveis são passíveis de prisão. Agora, com o mandato cassado, ela pode ser presa.
*Com informações do Metrópoles e da Folhapress
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