Uma “inocente” olhada no smartphone para checar mensagens ou a rede social pode ser fatal. Se feita ao dirigir, aumenta em duas vezes a chance de uma pessoa se envolver em acidentes. A distração faz as pessoas desviarem o olhar da estrada em média 23 segundos. Para um carro a 60 quilômetros por hora, isso representa 380 metros de percurso às cegas. Para um veículo a 100 quilômetros por hora, são 640 metros sem olhar para a estrada.

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Com a popularização dos aplicativos de conversas em texto, como o WhatsApp e o Viber, já não é tão raro ver carros em zigue-zague nas ruas, mesmo que os motoristas não tenham bebido. Foi esse fato que motivou pesquisas do Instituto de Tecnologia dos Transportes da Universidade de Virginia (EUA).

Catarinense enfrenta o desafio de passar uma semana sem smartphone

Uma primeira investigação, feita em 2009, descobriu que mandar mensagens ao dirigir veículos pesados, como ônibus e caminhões, aumentava em 23 vezes o risco de um acidente. O número se popularizou nos EUA como um alerta e vários estados proibiram o celular ao volante – por lá, em vários lugares não é proibido usar o telefone ao dirigir. O estudo foi atualizado em 2013.

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No Brasil, o código de trânsito proíbe celular desde 1997 – o que não quer dizer que o uso tenha deixado de ocorrer. Em 2014, 38,7 mil catarinenses foram multados por essa infração. Neste ano, já foram mais de 5 mil multas. Uma prática perigosa que – ao alcançar o telefone, olhar o contato que está ligando ou tentar digitar um número – eleva em três vezes a chance de um acidente, mais do que mandar mensagem, apesar de o tempo sem olhar para a estrada ser menor.

– Nesse momento ele se desconcentra da atividade principal e se concentra no celular. Ele leva três, quatro segundos para pegar o telefone. Ele está com a visão direcionada para o aparelho, a audição voltada para ele, assim como a atenção. Está fazendo uma direção de alto risco – explica o médico Dirceu Rodrigues, especializado em medicina do tráfego.

Luzes emitidas pelo smartphone prejudicam a qualidade do sono

Celular tira concentração até

depois da chamada encerrada

O motorista continua sendo afetado pela interação com o celular mesmo após desligar a chamada. Especialista em medicina do tráfego, Dirceu Rodrigues explica que isso ocorre porque a atenção não se volta imediatamente para a estrada. A pessoa ainda vai ficar alguns segundos, talvez minutos, refletindo sobre o que ouviu.

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Ao direcionar a atenção seletiva para outro lugar, um telefonema ou uma mensagem, o cérebro entra numa espécie de modo automático. É comum até não se lembrar de trechos da rua ou da estrada pelas quais percorreu.

– De todas as atividades que você faz ao volante, enviar mensagens é a que tira mais atenção do usuário – explica Bruno Gobbato, da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia.

A entidade faz campanhas de conscientização sobre o tema. E ele afirma que o assunto tem ganhado atenção do poder público rapidamente no exterior.

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– Campanhas fora do país têm focado especificamente nos jovens e no combate ao envio de mensagens ao dirigir.

A falta de atenção nas ruas não ocorre apenas com quem dirige. Outra investigação do centro de pesquisas americano PEW fez uma pergunta a mais no questionário sobre o tema. E um em cada seis adultos afirmaram já ter esbarrado em outra pessoa ou objeto enquanto caminhavam falando ou respondendo mensagens no celular.

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