A investigação da Polícia Federal contra o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, foi acelerada com a descoberta de três fotos. As imagens estavam guardadas no celular da delegada de Polícia Federal Marília Alencar, diretora de inteligência do Ministério da Justiça na gestão Anderson Torres.

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Com essas três imagens, a investigação acelerou e culminou na prisão de Vasques em SC. As fotos foram tiradas no dia 17 de outubro de 2022, 13 dias antes do segundo turno da eleição.

Foto 1

A primeira imagem mostra uma folha de papel com um painel de inteligência intitulado ‘Concentração maior ou igual a 75% – Lula’. Em seguida, é disposta uma lista dos seguintes municípios:

  • Crato (CE);
  • Paulo Afonso (BA);
  • Iguatu (CE),
  • Parintins (AM);
  • Candeias (BA);
  • Serra Talhada (PE);
  • Quixeramobim (CE);
  • Canindé (CE);
  • Casa Nova (BA);
  • Araripina (PE);
  • Santo Amaro (BA);
  • Pesqueira (PE);
  • Ouricuri (PE);
  • Barreirinhas (MA);
  • Icó (CE);
  • Cajazeiras (PB);
  • Euclides da Cunha (BA).

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Em descrição sobre essa primeira imagem, a Polícia Federal disse: “Há uma coluna de votos, cujo número total é 10.073.642. Na coluna ‘BOLSONARO’, há indicativo de um total de 1.485.294 votos, seguida pela coluna ‘LULA’ com número total de 7.743.713. As colunas de percentuais apontam 15,37% na coluna ‘% BOLSONARO’ e 80,15% na coluna ‘% LULA'”.

Ainda segundo a PF, no mesmo dia em que a foto foi tirada, a delegada Marília Alencar teria uma reunião com o então ministro Anderson Torres às 11h. A imagem foi capturada às 11h23, o que levou os investigadores a concluírem que há ‘fortes indícios de que esta fotografia tenha sido realizada para esta reunião’.

Fotos 2 e 3

As outras duas imagens, tiradas antes, mostram listas de municípios de Goiás e de Minas Gerais. Na foto que trata do Estado comandado por Romeu Zema — considerado, à época do pleito, como decisivo para o segundo turno — aparecem duas colunas: uma com o total de votos do Estado e outra com o título ‘Bolsonaro’.

Ainda vasculhando os dados do celular de Marília, a PF identificou que, no dia seguinte à captura das imagens, foi modificada uma planilha com o nome ‘BA_ELEICOES’. O arquivo tinha as colunas ‘quantidade de equipes’, ‘base’, ‘total de eleitores’ e ‘alcance no Estado’.

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A influência das fotos na investigação

No relatório encaminhado ao gabinete do ministro Alexandre de Moraes com pedido de prisão preventiva de Silvinei Vasques, a Polícia Federal destacou o que lhe chamou atenção nos documentos encontrados no celular de Marília.

A PF apontou que, além de as planilhas terem sido produzidas um dia após as fotografias do chamado ‘BI dos 75%’, a delegada encaminhou a seu marido, ainda no dia 18 de outubro, a seguinte mensagem: “Cara, eu tô em reunião séria do Excel no GAB”. Para os investigadores, a mensagem deixa clara que a delegada estava ‘tratando sobre os dados das planilhas em questão’ com o ministro Anderson Torres.

*Por Pepita Ortega, Estadão Conteúdo

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