A presença de álcool etílico no leite, descoberta em inspeção de rotina do Ministério da Agricultura no Rio Grande do Sul em junho e julho deste ano, aponta para fraude numa terceira ponta na cadeia de produção até então tida como imune, a das cooperativas. Pelo menos duas estão cometendo a irregularidade – Piá e Santa Clara – e terão de prestar esclarecimentos ao Ministério Público.

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Segundo o especialista de controle de qualidade de alimentos Eduardo Cesar Tondo, professor da UFRGS, não há perigos para a saúde. Ele explica que os fraudadores adicionam o álcool para que o leite seja aprovado no teste de crioscopia, que mede a adição de água no produto que irá para a prateleira:

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– É uma fraude econômica. Geralmente há adição de água para aumentar o volume, só que para passar no controle de qualidade do teste de crioscopia, o álcool é colocado e mascara a irregularidade. Provavelmente seja álcool de cozinha, fácil de encontrar.

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Desde o ano passado, quando foi deflagrada pelo MP a Operação Leite Compen$ado, em maio, os transportadores e a indústria do leite estão sendo investigados. Na primeira etapa, o MP revelou que intermediários estavam adicionando água de poço não tratada e ureia no leite que era transportado do produtor para postos de resfriamento, antes de chegar à indústria. Na ureia, foi constatado que havia formol, substância que causa câncer.

Um ano depois, a indústria foi alvo da Operação Leite Compen$ado e dois donos de laticínios acabaram presos – Ércio Vanor Klein, da Pavlat, e Sérgio Seewald, da Hollmann. Conforme as investigações, os empresários sabiam que cargas com leite deteriorado eram maquiadas com substâncias químicas como soda cáustica, bicarbonato de sódio e água oxigenada.