A decisão dos estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) de entrarem em greve geral a partir desta terça-feira (10) despertou interesse sobre como fica a situação na universidade a partir de agora.

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Até o momento da reunião dos alunos, 71 dos 107 cursos de graduação haviam decidido por greve ou estado de greve, em um movimento que vinha aumentando ao longo da última semana, desde que os universitários passaram a cogitar parar as atividades para protestar contra o bloqueio de recursos por parte do governo federal.

A mobilização de estudantes é a primeira em uma universidade federal motivada pelos cortes no orçamento das universidades federais feitos em maio.

No Oeste de SC, alunos da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) ocupam a instituição, mas a manifestação foi desencadeada pela nomeação do novo reitor, que foi apenas o terceiro colocado na eleição feita entre a comunidade acadêmica. A mesma situação provoca uma mobilização de alunos no Ceará.

A situação faz o Diretório Central dos Estudantes (DCE) Luís Travassos, da UFSC, cogitar que a greve dos estudantes catarinenses possa desencadear outras manifestações em universidades do país, que passam pelos mesmos problemas.

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— É a primeira universidade que faz greve para a reversão dos cortes, mas com certeza não vai ser a única. Já existem outras universidades se mobilizando e por outros motivos também, porque os cortes estão ligados a todos os outros ataques que elas estão sofrendo, como no caso da reitoria da UFFS. A gente acha que vai ser ponta de lança de uma mobilização nacional — afirma a coordenadora-geral do DCE, Danielle de Paula.

VÍDEO: Estudantes da UFSC aprovam greve contra cortes no orçamento da universidade

Professores e universidade recomendam equilíbrio e compreensão

Apenas os estudantes estão em greve na UFSC até o momento. Os servidores técnicos farão uma assembleia para discutir a situação atual na quinta-feira (12) e os professores votam possível adesão à paralisação entre segunda (16) e quinta-feira (19) da próxima semana.

Dessa forma, uma das dúvidas é como ficará a situação dos alunos que não quiserem aderir à greve ou dos cursos que votaram majoritariamente contra a paralisação.

De modo geral, a decisão sobre cobrar ou não presença e apresentar ou não novos conteúdos nas aulas deve ficar a critério dos professores, responsáveis por avaliar a adesão dos alunos em cada curso.

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Na tarde desta terça-feira (10), após reunião de professores, o presidente da Associação dos Professores das Universidades Federais de SC (UFSC), Carlos Alberto Marques, pediu diálogo aos professores. Disse que os docentes devem avaliar se há muitos ou poucos estudantes dentro de sala de aula, mas pediu a eles que “não penalizem os estudantes que estão lutando pela universidade”.

— A gente espera que os professores compreendam a luta dos estudantes, tenham paciência, parcimônia, porque é uma luta que não é corporativa, é em defesa da própria universidade, do orçamento, do futuro. A gente espera a máxima compreensão dos professores — apontou.

O chefe da reitoria da UFSC, Áureo Mafra de Moraes, afirma que a Câmara de Ensino de Graduação deve definir uma orientação a ser repassada às coordenadorias dos cursos de graduação. No entanto, a recomendação é para que a gestão de cada curso converse e negocie com os alunos, conforme a adesão registrada entre os estudantes.

— A principal palavra nesse momento é reconhecer a existência desse movimento. Não cabe a uma administração de universidade, seja o reitor, pró-reitores ou vice-reitor, apoiar ou não uma deliberação, mas sim reconhecer sua existência e procurar estabelecer equilíbrio, cautela e muita conversa. É um momento de anormalidade que as instituições de modo geral estão passando. Não podemos dar um tratamento de normalidade para uma situação que não é normal — afirma Moraes.

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“Há receio, mas também há preparação”, diz coordenadora do DCE

A coordenadora-geral do DCE da UFSC, Danielle de Paula, reconhece que existe um temor de que estudantes possam ser penalizados com faltas nas aulas que forem lecionadas normalmente, por exemplo. As faltas podem prejudicar alunos na manutenção de bolsas e na própria aprovação nas disciplinas.

— Há um receio, mas a gente já previu isso, discutimos e vamos tomar as medidas possíveis pressionando a reitoria e os centros para garantir que a greve aconteça. Há um receio, mas também há uma preparação para que isso não prejudique os estudantes — afirma Danielle.

Sobre os cursos ou alunos que por ora decidiram não aderir à greve, a coordenadora afirma que a intenção é montar um calendário de mobilização para convencer essas pessoas a também apoiarem a mobilização.

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