O suposto esquema de corrupção envolvendo o pagamento de propina para não embargar obras de construtoras em Florianópolis que foi alvo de uma operação policial na manhã desta quinta-feira (2) tinha pelo menos duas formas de atuação. Ao menos oito mandados de busca e apreensão foram cumpridos e três pessoas foram presas em flagrante, segundo a Polícia Civil. Entre os alvos, estão dois servidores municipais.

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Conforme o delegado Rodrigo Dantas, em entrevista a Leandro Lessa, no Notícias da Manhã da CBN Floripa, as primeiras denúncias chegaram no fim de 2021. Porém, informações colhidas em outubro deste ano possibilitaram que a polícia pedisse ao Judiciário a expedição dos mandados que foram cumpridos nesta quinta-feira. Elas falam em um esquema de corrupção envolvendo a liberação de alvarás e licenças, condicionada ao pagamento da propina.

Operações envolvendo a prefeitura de Florianópolis revelam graves suspeitas sobre liberação de obras

De acordo com a investigação, o esquema atuava de duas formas. A primeira envolvia construtores, descritos pelo delegado como “bem intencionados”, que buscavam a Prefeitura para tentar viabilizar a obra, porém encontrava dificuldades.

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— A fiscalização chegava no construtor e dizia “precisa dos alvarás”. Ele falava, então, que tinha os documentos, mas que o processo estava parado. Por isso, o grupo dizia que para andar era necessário pagar certo valor — pontua.

Já o segundo grupo envolve aqueles descritos como “mal intencionados”. São as construtoras que praticavam crimes ambientais ou furto de energia e, para não serem fiscalizadas, pagavam a propina. Estes, de acordo com o delegado, seriam os alvos da operação desta quinta-feira.

— A investigação ainda está em andamento. Estamos tentando colher informações sobre os maiores detalhes para saber o que efetivamente está sendo praticado — explica.

Dantas salienta, ainda, que há informações de que a propina cobrada girava em torno de 20% do valor do empreendimento, mas que será investigado. Também há denúncias de que os investigados chegaram a cobrar R$ 150 mil de uma construtora.

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Ainda segundo a investigação, em caso de não pagamento, as construções estariam sendo demolidas sumariamente. Dantas diz, ainda, que há suspeitas de que em alguns órgãos houve troca de servidores, mas que mesmo a prática continuou sendo adotada.

Veja a entrevista do delegado Rodrigo Dantas à CBN Floripa:

Três pessoas são presas

Nesta quinta-feira, os mandados foram cumpridos nas casas de construtores e de dois servidores municipais, todos localizados na Ilha. Não foram feitas buscas em órgãos públicos, segundo a polícia.

Na ação, foram apreendidos documentos e dinheiro em espécie. O objetivo é colher provas que auxiliem nas investigações. Além disso, três pessoas foram presas em flagrante por crimes como furto de energia e porte ilegal de arma de fogo  — entre eles, está um construtor ilegal.

A operação Primeiro Round, coordenada pela Delegacia de Combate à Corrupção e Investigação de Crimes Contra o Patrimônio Público (Decor/Deic), atende a uma primeira etapa da investigação sobre a suposta prática do crime de concussão. Assim, foram colhidos elementos de informação para instruir o inquérito policial sobre o caso.

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Conforme apurou o colunista do NSC Total Anderson Silva, a secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e a Floram — órgão ambiental da prefeitura —, estão no centro das investigações.

Em nota, a Prefeitura de Florianópolis informou que apoia a investigação e que vai buscar mais informações junto aos responsáveis para “tomar as medidas necessárias em relação aos servidores envolvidos”.

Ao todo, 36 policiais atuam na operação que conta, ainda, com o apoio do Instituto Geral de Perícias (IGP), Acadebol e demais delegacias da comarca.

Confira a nota na íntegra:

“A Prefeitura de Florianópolis apoia todas as operações que visam investigar e cessar qualquer ato ilegal em processos administrativos. O município trabalha em conjunto com Ministério Público, Polícia Militar e Polícia Civil nas ações de demolições e vai buscar mais informações junto aos responsáveis pela operação para tomar as medidas necessárias em relação aos servidores envolvidos.”

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