Foi na quarta-feira, três dias antes de prender Luan Barcelos da Silva, que a Polícia Civil firmou convicção de que ele poderia ser o assassino. Policiais de Santana do Livramento descobriram que o celular de um dos taxistas mortos na cidade, Hélio Beltrão do Espírito Santo Pinto, estava em poder de um irmão de Luan, na Fronteira.
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Ao mesmo tempo, descobriram que outro celular de vítima era usado na Capital. Cresceram então as chances do assassino ser o mesmo e, mais que isso: os aparelhos tinham passado por várias pessoas e as pistas indicavam que o elo em comum era Luan.
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Os policiais buscaram fotos do rapaz e repararam na semelhança dele com a do assassino, flagrado por pelo menos seis câmeras de videomonitoramento (três na Fronteira e três na Capital). Mais um indício.
E como os policiais sabiam quais câmeras teriam gravado o rapaz? Por dedução e muito debate. Refazendo a trajetória dos veículos, os agentes calcularam o tempo levado pelo assassino para chegar ao local das mortes e, depois, para abandonar os carros.
A partir do levantamento, os policiais puderam requisitar os registros das câmeras, já com um horário aproximado. Ajudou também o fato do primeiro taxista assassinado, Hélio Beltrão, ter gravado em vídeo a trajetória.
O exame das imagens mostrou que o suspeito usava calça clara, jaqueta escura e carregava uma sacola. Faltava encontrar alguém com essa descrição – e foi decisivo, para isso, saber de quem os receptadores do celular de Beltrão tinham comprado ou recebido o aparelho. Ajudou a firmar convicção o fato de Luan, o assassino, ter morado perto de um dos locais de crime (na Vila Ipiranga, em Porto Alegre).
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A investigação foi marcada por estresse – havia pressão da opinião pública por resultados. Uma corrida atrás de assaltantes de taxistas foi iniciada por delegacias. As teses para as mortes eram diversas: alguns apostavam em assassinato por encomenda, outros em um matador solitário.
A resposta veio por prova científica, na sexta-feira. Foi quando o diretor do Instituto-geral de Perícias (IGP), José Cláudio Garcia, ligou apressado para o chefe de Polícia, delegado Ranolfo Vieira Junior. Deu a notícia há muito aguardada: uma das impressões digitais na Elba pertencente a um dos motoristas de Livramento coincidia com a de Luan, o rapaz que vendera o celular de outra das vítimas. Em questão de horas, os policiais conseguiram mandado judicial e prenderam o homem que viria a confessar a estarrecedora série de crimes. Foi o desfecho da investigação.
Quem é o assassino confesso
Luan Barcelos Silva é um jovem de classe média de 21 anos, nascido em Santana do Livramento e morador da Capital. Ele foi preso pela Polícia Civil em Porto Alegre, na tarde de sábado, no bairro Santa Cecília.
O depoimento dele, tomado pela polícia no sábado, surpreendeu delegados e a cúpula da Segurança Pública no Estado. Frio e calculista, o jovem revelou detalhes, ao longo de três horas e 30 minutos, como executava as vítimas com tiros na cabeça.
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– No interrogatório, sempre de forma fria, ele contou que mandava parar o carro, dava dois tiros na cabeça do taxista, retirava o corpo e só então pegava o dinheiro e o celular – contou Melina Bueno Corrêa, delegada da Delegacia de Homicídios que interrogou o assassino confesso.
Em GRÁFICO, veja o passo o passo de como foram os assassinatos dos motoristas em Santana do Livramento e Porto Alegre:

VÍDEOS:
Imagens divulgadas pela polícia mostram suspeito entrando em táxi de Porto Alegre na noite em que motoristas foram mortos:
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