Mais do que suprir um vácuo deixado pela mão-de-obra escrava ou cumprir com a política imperial de embranquecer a população, os italianos que aportaram no Brasil a partir da década de 1870 transformaram significamente os hábitos alimentares do brasileiro. Aglutinados em núcleos familiares, os gringos e seus ítalo-brasileirinhos encontraram meios de reproduzirem aqui, “na terra que tudo dá”, o doce das uvas da Lombardia, a diversidade aromática das hortas da Ligúria, a picância dos embutidos da Toscana, a acidez dos queijos de Parma e a textura e simplicidade do preparo das massas de todas regiões da Terra da Bota.

Continua depois da publicidade

Na maioria agricultores fugidos da crise provocada por uma Itália em guerra civil, os milhares de imigrantes trouxeram na bagagem técnicas de cultivo, produção e cozinha inovadoras. Aos brasileiros que empregavam, comercializavam ou dividiam assentos nas igrejas, bastou provarem o sabor do mediterrâneo e descobrirem a simplicidade por trás de alguns deliciosos preparos para que as receitas da colônia se tornassem uma tradição nacional.

Um século e anos depois, famílias das mais diferentes raízes sentam-se diante de lasanhas efervescentes nos almoços de domingo. Estudantes e trabalhadores dominam a arte de comer apressadamente um macarrão com molho de tomate. Casais compartilham taças de vinho e pedaços de pizza em sábados preguiçosos na frente da SmarTV.

Culinária italiana se popularizou ao ponto de ganhar receitas exclusivas
Culinária italiana se popularizou ao ponto de ganhar receitas exclusivas (Foto: Freepik)

Sabores da colônia

A culinária italiana se popularizou ao ponto de ganhar receitas exclusivas, nunca antes servidas em cantinas do país europeu. Frango com polenta, linguiça calabresa, molho bolonhesa e palha italiana são algumas dessas criações brasileiras com inegável inspiração nos saberes das colônias espalhadas por estados do Sul e Sudeste. Conhecimento de nonas e nonos, que criaram dúzia de filhos à base de polenta, radite, salame, queijo, broa, vinho e café.

Essa cozinha afetiva deu origem não só a novas receitas, mas a uma identidade peculiar de se sentir italiano mesmo nascido em território nacional. A cozinha foi o elo e o transporte para uma viagem às origens. Descendentes que nutriam nostalgias de uma terra que conheciam somente pela oralidade das histórias ou nos versos das músicas de ruidosas celebrações se apoiaram na gastronomia típica para preservar os dialetos, construir símbolos, promover o turismo e a cultura.

Continua depois da publicidade

No Sul, filhos de imigrantes vindos em sua maioria do Norte da Itália, especialmente Vêneto e Lombardia, encontraram motivos na lasanha, capelete, minestra (sopa de vegetais), polenta e no risoto, enquanto a influência da Calabria e da Campania sovaria as massas das pizzarias e cantinas do Sudeste.

Viagem à Itália com o Confraria Itapema

A massa e o vinho, símbolos da culinária italiana, compõem a mesa da segunda noite do Confraria Itapema, na última quinta-feira (15), às 20h. O Parpadelle ao molho de cogumelos paris com tuiles de parmesão e presunto cru, criação exclusiva do cozinheiro André Vasconcelos, foi pensado para instigar o público a experimentar o que era fabricar a massa caseira nas colônias de imigrantes italianos.

— Um preparo simples, acessível, que guarda em si a revelação de como é fácil transformar ovo e farinha em macarrão — comentou André.

Quem adquiriu o box e participou da transmissão online exclusiva do evento recebeu em casa os ingredientes para o preparo do prato, além de uma garrafa de vinho da Quinta da Neve. Um tinto pinot noir, uva típica do Norte da Itália e que prosperou nos parreirais da tradicional vinícola de São Joaquim, na Serra Catarinense, e mereceu indicação da Regina Essenburg, da Enoteca Decanter.

Continua depois da publicidade

Paulinho Moska em apresentação na segunda noite do Confraria Itapema
Paulinho Moska em apresentação na segunda noite do Confraria Itapema (Foto: Reprodução)

O evento que promoveu essa degustação de sabores da Itália terá mediação de Pedro Leite, com participação de Leo Coelho, colunista da NSC, e o som de Paulinho Moska.

Acesse o canal Confraria Itapema e acompanhe a programação​​

Esse projeto é uma realização da Itapema e conta com o oferecimento dos parceiros Bellacatarina, Grupo Geração, Formacco Cezarium, Unicred, Decanter, Casas da Água e Midea.