O rapper americano Sean “Diddy” Combs é investigado por envolvimento com tráfico sexual, associação ilícita e promoção da prostituição, de acordo com a Promotoria de Nova York, e foi preso na última segunda-feira (16) em Manhattan, em Nova York.
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Conhecido como Puff Daddy e P. Diddy, Sean Combs é um poderoso magnata do setor musical e foi mentor de diversos astros da música, como o Usher, e é um dos responsáveis pela transformação do gênero do hip hop.
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Na apresentação do caso, a promotoria levou 14 páginas de acusação contra o rapper, incluindo crimes como participação em um incêndio criminoso, suborno, sequestro e obstrução da justiça. Mas o caso foi levado aos tribunais, após as investigações apontarem a participação de Combs na organização dos “freak-offs” e depois encobrir qualquer dano aos quartos de hotel ou às pessoas envolvidas.
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O “freak-offs” eram festas que envolviam “maratonas sexuais”, em que mulheres se reuniam com prostitutos para fazer sexo em uma suíte de hotel de luxo que, segundo o governo, era preparada para filmagem e abastecida com óleo de bebê e drogas, onde geralmente outro homem observava e, às vezes, gravava os eventos em vídeo.
De acordo com a acusação, essas sessões eram performances sexuais elaboradas e produzidas que envolviam uso de drogas e sexo coagido. Durante as investigações foram encontrados milhares de frascos de óleos de bebês e lubrificantes, além de fluidos intravenosos, que de acordo com a promotoria, eram usados para reidratar os participantes dessas festas, pois eles ficavam tão debilitados que precisavam desses fluidos para se recuperar.
Os vídeos gravados por Combs eram usados, de acordo com a promotoria, como forma de chantagem contra as vítimas, para não ocorrer nenhuma denúncia contra o rapper.
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— Os freak-offs são o núcleo deste caso, e essas festas são inerentemente perigosas — disse Emily A. Johnson, uma das promotoras, em uma audiência na semana passada.
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Primeira denúncia
As suspeitas contra Sean Combs começaram a partir da denúncia de Cassandra Ventura, ou Cassie, ex-namorada do rapper. As alegações de Ventura feitas no ano passado endossam as provas colhidas pela polícia recentemente.
Na ação judicial de Ventura, ela afirma que Combs dirigia frequentes “freak-offs” em hotéis de luxo ao redor do país, mandando-a derramar “quantidades excessivas” de óleo sobre si mesma e dizendo onde tocar os prostitutos enquanto ele filmava e se masturbava.
Sean Combs se declarou inocente das acusaçõies de tráfico sexual e conspiração e extorsão, e a defesa aponta que os encontros entre Combs e Ventura eram consensuais, parceiros de longa data que tinham um relacionamento conturbado e complexo.
Uma das evidências mais fortes contra Combs é uma gravação em que o rapper é visto agredindo brutalmente Ventura em um hotel InterContinental em Los Angeles, em 2016. O vídeo da vigilância do hotel mostra ele a agredindo, jogando um vaso nela e a arrastando pelo corredor pela blusa de moletom.
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A promotora Emily Johnson descreveu o vídeo em tribunal como uma tentativa de Ventura de deixar o local de um freak-off, afirmando que existe provas de que um prostituto estava no quarto do qual Cassie Ventura saiu antes de ser atacada.
Organização em conjunto
De acordo com a acusação, Sean Combs comandava uma empresa criminosa de extorsão, com uma equipe de facilitadores que prestam trabalho para ele. Nenhum nome foi apontado na investigação, mas a promotoria os caracteriza como uma equipe encarregada de encontrar os prostitutos e quartos de hotel, entregar suprimentos e depois consertar qualquer dano aos quartos após as sessões.
— Essas ocasiões incluíam casos em que uma vítima foi obrigada a permanecer escondida, às vezes por vários dias, para se recuperar das lesões infligidas por Combs — disse a acusação.
Os promotores ainda afirmam que o rapper e empresário usava subordinados para executar suas ordens, através de ameaças de violências e esperava lealdade absoluta. De acordo com Damian Williams, procurador dos Estados Unidos para o Distrito Sul de Nova York, ele utilizava de seus negócios, funcionários e outros associados para conseguir o que queria.
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— Esses indivíduos supostamente incluíam supervisores de alto escalão nos negócios, assistentes pessoais, equipe de segurança e empregados domésticos — afirmou o procurador em coletiva de imprensa.
O procurador Williams afirmou que as pessoas que podem estar na organização dessas festas não foram acusadas ainda, pois a investigação segue em andamento. Mas o ex-promotor federal no Brooklyn, Anthony Capozzolo, afirma que podem existir alguns funcionários que não foram indiciados como réus, pois estão colaborando como testemunhas ou que o governo espera os convencer em depor contra Combs.
Pedido negado de fiança
Sean Combs segue preso em uma prisão federal no Brooklyn, pois lhe foi negada a fiança, até um júri em Manhattan decidir qual das versões dos “freak-offs” é mais aceitável e credível.
A promotora Emily Johnson afirma que existe um caso muito bem construido contra Sean Combs, pois existem muitas evidências, incluindo testemunhos, fotos, vídeos e mensagens que endossam o caso contra o rapper.
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O vídeo da agressão contra Cassandra Ventura foi uma prova apresentada na audiência de fiança na semana passada, e é uma evidência que comprometeu a defesa de Combs. O governo também afirma que ele e seus funcionários tentaram subornar a equipe de segurança do hotel para apagar o vídeo. Após três dias do ataque o vídeo de vigilância havia desaparecido.
O juiz Andrew L. Carter Jr. destacou sua preocupação de que Combs poderia obstruir a justiça manipulando testemunhas, e negou a fiança de Sean Combs na quarta-feira (18). A acusação também afirma que ele e os funcionários estavam “alimentando vítimas e testemunhas com narrativas falsas”, e muitas vezes gravavam as conversas. Os advogados de defesa contaram que as testemunhas estavam sendo comunicadas que poderiam ser chamadas para depor.
Mais vítimas
O caso de Ventura foi fechado um dia após sua apresentação, mas foi quem desencadeou as demais investigações. Vários processos civis movidos por mulheres foram abertos contra o empresário, todos eles apresentam histórias parecidas com as de Ventura, com encontros sexuais coagidos e alimentados por drogas.
Uma testemunha, Adria English, acusou Combs de exigir que ela participasse de uma das festas dele e fizesse sexo com um dos funcionários, e afirma que durante o evento recebeu licor misturado com ecstasy.
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O governo de Nova York apresentou mais provas em audiência contra Combs. Em tribunal, os promotores contaram um relato de uma possível vítima do rapper. Ela havia encaminhado mensagens de texto para ele três dias após o processo de Ventura vir a público em novembro do ano passado.
“Parece que estou lendo sobre meu próprio trauma sexual”, ela escreveu. “Me dá nojo como três páginas inteiras, palavra por palavra, descrevem exatamente minhas experiências e meu sofrimento.”
A promotoria relata que a vítima recebeu duas ligações do rapper, enquanto um cúmplice gravava. durante a ligação ele tentou a manipular e convencer de que as suas ações tinham sido voluntárias, mas ela seguiu com a denúncia.
O que diz a defesa
A defesa de Sean Combs, ao ser questionada sobre os encontros de Combs e Ventura, argumentou que a relação do casal poderia ser chocante para outras pessoas, mas não se caracterizavam como agressão sexual, nem força, fraude ou coerção, conforme exige o principal estatuto federal sobre tráfico sexual.
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— Será que todo mundo tem experiência com intimidade dessa forma? Não — disse Marc Agnifilo, um dos advogados de Combs, em uma audiência na terça-feira. — Isso é tráfico sexual? Não, não se todo mundo quer estar lá.
Além disso, o advogado afirma que ao entrevistar seis dos homens apontados como trabalhadores sexuais negaram o ato ser não consensual, ou se possuia alguma vítima bêbada ou drogada durante as festas de Combs. E foram questionados se havia o menor indício de que uma mulher não estivesse consentindo, ao qual, o advogado afirma, que também negaram.
Em relação ao vídeo apresentado na audiência, Combs relatou uma versão diferente do dia aos seus advogados. Os argumentos apresentados trazem que a briga começou após Ventura encontrar provas de uma possível traição no celular do rapper. A defesa afirma que Ventura saiu do quarto com todas as roupas dele após arremessar o celular em Combs, que estava dormindo. Por isso, nas filmagens ele aparece apenas de toalhas.
Quem é Diddy e qual sua ligação com Jay Z e Beyoncé
Quando questionados sobre as outras vítimas, os advogados afirmaram que os processos civis possuem acusações falsas para conseguir um acordo.
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Veja fotos de P. Diddy
*O texto contém informações apuradas pelo O Globo, g1 e Correio Braziliense
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