Uma operação realizada pelo Ministério Público de SC prendeu três prefeitos do Planalto Norte do Estado desde julho de 2020. Batizada como Et Pater Filium, a ação investiga uma suposta organização criminosa que teria praticado os crimes de fraudes a licitações e corrupção.
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A expressão em latim foi escolhida porque os atos de corrupção estariam ligados a duas duplas de pai e filho, de acordo com o MP, uma de empresários e outra de funcionários públicos.
A operação está na sétima fase, deflagrada nesta semana com a prisão do prefeito de Canoinhas, Beto Passos (PSD), e o vice Renato Pike (PL). Antes, prendeu preventivamente os prefeitos de Major Vieira, Orildo Antônio Severgnini (MDB), e de Bela Vista do Toldo, Adelmo Alberti (PSL).
No caso de Severgnini, o ex-prefeito já foi condenado em primeira instância em duas denúncias apresentadas pelo MPSC à Justiça, decorrentes do trabalho realizado na operação Et Pater Filium.
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A primeira sentença contra Severgnini aconteceu em agosto do ano passado e determinou 57 anos 10 meses e 14 dias de prisão. Já a segunda condenação aconteceu nesta semana, com a definição de 98 anos e quatro meses de reclusão em regime inicial fechado e mais dois anos e nove meses de detenção em regime inicial aberto.
A Et Pater Filium é coordenada pela Subprocuradoria-Geral para Assuntos Jurídicos do MPSC, em conjunto com o Grupo Especial Anticorrupção (GEAC), Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e a Polícia Civil.
Veja como foi cada fase da operação:

Primeira fase: apreensões em Major Vieira
O início da fase de campo da operação Et Pater Filium aconteceu em 31 de julho de 2020, com o cumprimento de 20 mandados de busca e apreensão em três cidades: Major Vieira, Balneário Piçarras e União da Vitória (PR).
Foram apreendidos R$ 297,3 mil na casa do prefeito de Major Vieira, Orildo Antônio Severgnini, e R$ 24,5 mil na residência do filho dele Marcus Vinicius Brasil Severgnini. Também foram recolhidos documentos, cópias de processos licitatórios e dispositivos eletrônicos.
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> Prefeito de Major Vieira é um dos investigados em operação
A investigação apurava uma possível organização criminosa voltada para os crimes de fraudes a licitações e corrupção. Segundo o MP, haveria uma ligação entre empresários e funcionários públicos para direcionar contratações públicas – a maioria no ramo de construção civil – para empresas parceiras, em troca de pagamento de vantagens ilícitas.
Segunda fase: prisão do prefeito de Major Vieira
Em 13 de agosto de 2020, a segunda fase da operação cumpriu mandados de prisão preventiva contra o prefeito de Major Vieira, Orildo Antônio Severgnigi, e o filho, Marcus Vinicius Brasil Severgnini. Também foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão. Na época, Severgnini era presidente da Federação Catarinense dos Municípios (Fecam).
Duas semanas após a prisão, o Ministério Público apresentou denúncia à Justiça pelos crimes de organização criminosa, fraude a licitação, corrupção e lavagem de dinheiro contra o prefeito, o filho e dois empresários.
Na ação, o MP detalhou que a suposta organização criminosa teria sido formada no início do mandato do prefeito. As contratações direcionadas para os empresários teriam somado mais de R$ 3,3 milhões, de acordo com o Ministério Público.
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Terceira fase: novos mandados de prisão em Major Vieira
Novos mandados de prisão foram cumpridos em Major Vieira, em 12 de novembro de 2020, contra o prefeito Orildo Severgnini e o filho Marcus Vinicius, além de outras três pessoas suspeitas de participarem dos supostos crimes. Oito mandados de busca e apreensão e um de suspensão de atividade empresarial também foram cumpridos.
A terceira fase da operação Et Pater Filium investigou novos crimes da suposta organização criminosa voltada para a prática de peculato, fraude a licitação e lavagem de dinheiro. Os investigados já estavam presos durante o cumprimento dos mandados.

Quarta fase: prisão do prefeito de Bela Vista do Toldo
Em 6 de julho do ano passado, a operação cumpriu quatro mandados de prisão preventiva e 23 de busca e apreensão. Entre os presos, estava o prefeito Adelmo Alberti (PSL) e um vereador de Bela Vista do Toldo.
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Os investigados eram suspeitos de integrarem a organização criminosa voltada à prática de crimes contra a administração pública, como corrupção, fraudes a licitação e peculato. Nesta fase, o MP apurou a participação de agentes públicos e empresários nas fraudes envolvendo, principalmente, setores elétrico e de construção civil.
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Quinta fase: prisão da esposa do prefeito
A operação Et Pater Filium cumpriu mais um mandado de prisão preventiva e três de busca e apreensão em 25 de agosto, em Bela Vista do Toldo. A prisão foi de Maria Emília Schiessl Alberti, esposa do prefeito Adelmo Alberti.
Sexta fase: mandados em cinco cidades
Em 1º de setembro, o MP cumpriu três mandados de prisão preventiva e seis de busca e apreensão em cinco cidades catarinenses: Papanduva, Monte Castelo, Major Vieira, Santa Cecília e Itajaí. O objetivo da operação foi investigar atos de fraudes a licitação, peculato, desvio e lavagem de dinheiro em contratos de prestação de serviços de ônibus.
As investigações indicam que os contratos não forneciam os motoristas, combustível e nem executavam a manutenção dos veículos, custos que eram arcados pela prefeitura de Major Vieira e, posteriormente, desviados, de acordo com o MP.

Sétima fase: prisão do prefeito de Canoinhas
O prefeito de Canoinhas, Beto Passos (PSD), e o vice, Renato Pike (PL), foram presos no último dia 29, durante a sétima fase da operação Et Pater Filium. O Ministério Público não divulgou os motivos para as prisões, mas elas foram realizadas dentro das investigações que apuram fraudes e corrupção em serviços prestados ao poder público.
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> Prisões de prefeito e vice em Canoinhas contaram com colaboração de outro político ao MP
A assessoria do município divulgou uma nota em que confirmou que Willian Godoy, presidente da Câmara de Vereadores da cidade, assumiu o cargo de prefeito interinamente, “a fim de garantir a continuidade dos serviços públicos municipais”. O texto ainda cita que a prefeitura não vai se manifestar neste momento, já que o caso corre em segredo de Justiça.
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