A Madonna que subirá ao palco do Estádio Olímpico, em 9 de dezembro, não é a mesma que você conheceu nos anos 1980 ou 1990. Nem no início dos 2000. Da mesma forma que David Bowie se reinventou no rock, Madonna trata sua carreira e vida pública como uma obra em construção, que muda de acordo com as novas tendências. Confira algumas das fases da camaleoa do pop.

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Estrela de sorte

Sintetizadores, canções com letras apimentadas, muito laquê e um apurado senso de marketing fizeram de Madonna a maior voz feminina dos anos 1980. Ela revelou seu potencial para rainha das pistas de dança logo no primeiro single, Everybody (1982), status que acabou se confirmando na trinca Madonna (1983), Like a Virgin (1984) e True Blue (1986). A lista de hits no rádio naquela década – como Lucky Star, Holiday, Material Girl e Papa Don’t Preach – era completada pela exposição maciça de sua imagem no cinema e, principalmente, nos jornais e revistas, seja lançando tendências e causando polêmicas, seja por seu tumultuado casamento com o ator Sean Penn.

Ambição loira

No início dos anos 1990, Madonna firmou-se não apenas como uma cantora de excelente vendagem, mas também figura de importância incontestável da cultura pop. Apoiada no clássico Like a Prayer (1989), ela gira o mundo no ano seguinte com a Blond Ambition Tour, quando exibe o emblemático sutiã de cone criado por Jean-Paul Gaultier. Em 1993, a The Girlie Show mostra uma Madonna ainda mais provocadora e polemista, levando aos palcos o repertório do apimentado álbum Erotica (1992), que fazia jus ao nome nos clipes e nas letras, flertando até com o sadomasoquismo. Para completar, ela lançou no mesmo ano o não menos controverso livro Sex.

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Um raio de luz

Recém-convertida para a Cabala, mãe pela primeira vez e ainda sob o efeito de ter interpretado o mito argentino Evita Perón nos cinemas, Madonna lança Ray of Light (1998). O disco é o mais sombrio e introspectivo da cantora, com direito a baladas tristes como os singles Frozen, The Power of Good-Bye e Drowned World/Substitute for Love. Predominam batidas de trance e trip hop, embora riffs de guitarras também apareçam, como na faixa-título – possivelmente a canção mais solar do álbum. Apesar do estranhamento, o disco ganha quatro prêmios Grammy no ano seguinte.

Beleza americana

Madonna começa o século 21 decidida a arrumar briga com os EUA. Em 2000, faz um cover do hino American Pie e coloca casais gays se beijando com a bandeira americana ao fundo – além de mostrar o próprio cofrinho. Três anos depois, lança American Life, disco conceitual cuja capa faz referência a Che Guevara. O clipe da faixa-título acaba banido da TV americana por, entre outros motivos, mostrar o então presidente Bush acendendo um charuto com uma granada. Ainda em 2003, beija na boca Christina Aguilera e Britney Spears numa performance para a MTV. Resultado: é seu disco menos vendido de todos os tempos.

Fervendo na pista

Inspirada na música disco da década de 1970, Madonna retorna à pista de dança com Confessions on a Dance Floor (2005). O primeiro single, Hung Up, que traz um sampler de Gimme! Gimme! Gimme! (A Man After Midnight), do ABBA, a coloca novamente no topo das listas de mais vendidos. Junto com a sonoridade, vem a revitalização de acessórios como patins, colants, malhas, peças em lurex e paetês. O disco ainda apresenta influências de techno pop oitentista, como em Jump, single que é puro Pet Shop Boys.

MDNA

Depois de quatro anos sem lançar material inédito, Madonna volta direto para os inferninhos modernos com um ex-parceiro dos anos 1990: o DJ e produtor William Orbit. Com ele, a cantora incorpora elementos de dupstep, house e electro para produzir MDNA, que fala sobre corações partidos, vingança e vontade de curtir a noite. Para reafirmar seu status, logo no primeiro single, Give me All Your Luvin’, coloca jogadores de futebol americano aos seus pés enquanto as discípulas M.I.A. e Nicki Minaj aparecem como cheerleaders.

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