A tensão entre Venezuela, Argentina e Brasil ganhou um novo capítulo neste sábado (7), após o governo Nicolás Maduro revogar a autorização para o governo brasileiro representar os interesses da Argentina no país. As informações são do g1.
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Em nota, o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) informou estar “surpreso” com a decisão e que permanecerá à frente da embaixada até que seja definido um país substituto para representar os interesses argentinos em território venezuelano.
Desde a noite desta sexta (6), o regime Maduro impõe um cerco ao prédio da missão diplomática argentina em Caracas. O edifício foi cercado por forças do governo e a energia no local foi cortada. Dentro do local há seis dissidentes ligados à líder da oposição venezuelana, María Corina Machado. Eles podem ser presos caso deixem o local.
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Entenda a crise
O Brasil vinha representando temporariamente os interesses consulares da Argentina na Venezuela desde que o presidente venezuelano expulsou o embaixador argentino, no dia 1º de agosto de 2024. A expulsão ocorreu após a Argentina afirmar que a reeleição de Maduro não foi legítima e que a eleição presidencial na Venezuela, no fim de julho, foi fraudada.
Neste sábado, a Venezuela divulgou um comunicado revogando a autorização para o governo brasileiro representar os interesses da Argentina no país. O regime alega que tem provas sobre o uso das instalações para “atividades terroristas” e tentativas de homicídio contra o presidente Nicolás Maduro, e contra a vice-presidente Delcy Rodríguez.
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Reação do Brasil
O Brasil avisou a Venezuela que continuará a representar a Argentina em meio ao cerco à embaixada do país em Caracas. A diplomacia do Brasil não quer deixar vácuo na transição até que seja definido um país substituto para representar os interesses argentinos.
O assessor para assuntos internacionais do governo, Celso Amorim, disse neste sábado que está “chocado” com a atitude da Venezuela de revogar custódia da Embaixada da Argentina em Caracas.
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“Eu acho extremamente estranha a atitude da Venezuela, figura corrente do direito internacional é a proteção internacional de interesses. Para mim, é uma coisa que me chama a atenção, e me choca muito”, pontuou Amorim.
Argentina e Uruguai se pronunciam
A Argentina se pronunciou condenando a medida. “Qualquer tentativa de intromissão ou rapto dos requerentes de asilo que permanecem na nossa residência oficial será duramente condenada pela comunidade internacional. Ações como estas reforçam a convicção de que os direitos humanos fundamentais não são respeitados na Venezuela de Maduro”, diz o comunicado do governo argentino.
O governo do Uruguai manifestou solidariedade às nações diante do que chamou de revogação “imediata” e “injustificada”. “Uruguai expressa sua solidariedade com a República da Argentina e à República Federativa do Brasil nestes momentos difíceis e espera que a situação atual seja resolvida em conformidade com o direito internacional.”
Brasil, a Argentina e o Uruguai destacam que a Venezuela tenta descumprir o termo da inviolabilidade das embaixadas e consulados. Ou seja, caso os agentes venezuelanos forçassem a entrada na embaixada sem autorização do governo brasileiro estariam violando o direito internacional.
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