Apesar das sanções anunciadas pela União Europeia e pelos Estados Unidos, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, assinou nesta segunda-feira um decreto reconhecendo a independência da península separatista ucraniana da Crimeia.
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Pouco antes, o parlamento da Crimeia havia aprovado por unanimidade sua anexação à Rússia, da qual fez parte até 1954.
O parlamento solicitou à Federação Russa a admissão com o status de república. Pediu, também, reconhecimento às Nações Unidas e a todos os países como Estado independente, membro da Federação Russa.
– Levando-se em conta a vontade dos povos da Crimeia expressa durante o referendo do dia 16 de março de 2014 – a Rússia decidiu “reconhecer a República da Crimeia como Estado soberano e independente, onde a cidade de Sebastopol tem um status especial”, segundo o decreto do Kremlin. O gesto, porém, ainda não significa incorporação à Rússia. Putin irá hoje ao parlamento russo para se posicionar.
Ocupada por tropas russas, a Crimeia aprovou, com 96,8% dos votos da população, a anexação da região pela Rússia, em um referendo considerado ilegal por Kiev e pela comunidade internacional. Como parte da reação internacional, União Europeia e EUA anunciaram restrições de vistos e congelamento de ativos de autoridades russas e ucranianas pró-Moscou. A Ucrânia iniciou uma mobilização de suas forças armadas. Por telefone, o presidente americano, Barack Obama, disse a Putin que os EUA “nunca reconhecerão” o resultado do referendo.
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Sanções inéditas desde 1991
Por enquanto, nenhum ministro do governo russo foi punido, informaram diplomatas, embora Linkevicius tenha indicado que a União Europeia poderá adotar “sanções adicionais nos próximos dias”.
Ao chegar nesta segunda a Bruxelas para sua reunião mensal, todos os ministros europeus das Relações Exteriores manifestaram firmeza.
– Estamos querendo enviar a mensagem mais forte possível para a Rússia, para que entenda a gravidade da situação após o referendo na Crimeia, no qual os eleitores que compareceram às urnas optaram por se unir a Moscou – disse a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton.
Sanções desse tipo não eram vistas na história entre russos e americanos desde a queda da então União Soviética, em 1991. Apesar do contexto de tensão, os europeus consideram que ainda é tempo de encontrar uma solução política.
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– É necessário demonstrar muita firmeza e, ao mesmo tempo, encontrar vias para o diálogo sem causar uma escalada – declarou o ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius.
Descartada a opção militar, os ocidentais contam com o impacto do crescente isolamento internacional da Rússia. Dessa maneira, mantêm a possibilidade de impor sanções econômicas e comerciais. Nesses casos, o impacto pode ser significativo, já que os Estados Unidos e a União Europeia são dois dos três principais aliados de Moscou.
Enquanto o presidente russo deve se referir ao tema na terça-feira, as autoridades separatistas da Crimeia queimaram algumas etapas, com a proclamação de sua independência e o pedido de anexação enviado a Moscou, somados à dissolução das unidades militares ucranianas e à adoção do rublo como moeda.
De acordo com resultados definitivos, quase 97% das pessoas que foram votar optaram pela anexação da Crimeia à Rússia.
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Em resposta, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, manifestou “decepção e preocupação” com o resultado do referendo e pediu uma solução política que inclua “o respeito à unidade e à soberania da Ucrânia”, anunciou seu porta-voz.
O que muda
Nacionalização de estatais: inclui os campos de gás ucranianos na Crimeia, que passam para o controle local. Isso abre caminho para que a Rússia explore gás na região do mar Negro e tira da Ucrânia uma das poucas fontes do combustível.
Moeda: a atual, grivnia, circulará com o rublo até 2016, quando a moeda russa será a única.
Fuso horário: adota o de Moscou a partir de 30 de março, com duas horas de diferença.
Militares e servidores de Kiev: devem escolher entre aderir ao governo local ou se retirar.