Enquanto Santa Catarina ainda convive com a lotação de hospitais públicos e particulares, com mais de 200 pessoas na fila de espera por um leito de UTI durante o pior pandemia desde o início um ano atrás, cenas de desrespeito às regras sanitárias foram registradas com frequência em várias cidades durante o feriado da Páscoa. Para médicos que vivem diariamente a situação do colapso na saúde, as cenas causam tristeza e indignação.
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> Vídeo flagra festa ao lado da base do Samu na Grande Florianópolis
Atuando na linha de frente contra a Covid-19 em Blumenau, no Vale do Itajaí, a infectologista Sabrina Sabino desabafa e se diz “estarrecida” com os flagrantes dos últimos dias:
– Vejo, principalmente dos jovens, uma sensação de desrespeito, falta de empatia. Eles não têm noção do que é estar aqui do outro lado, porque se estivessem aqui um dia eu tenho certeza que pensariam várias outras vezes antes de pensar em aglomerar. Porque poderia ser um pai deles, uma avó deles. Enquanto a dor não chega em um familiar próximo, isso vai continuar, infelizmente.
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A médica lembra que as festas ocorrem em cidades onde não há vagas de UTI no momento, seja para pacientes com Covid-19 ou qualquer outro problema. Na região de Balneário Camboriú, por exemplo, onde ao menos seis festas clandestinas foram encerradas pelas autoridades durante o feriadão, 49 pessoas aguardam uma vaga para tratamento do coronavírus no momento, conforme os dados oficiais da Secretaria de Estado da Saúde.
– A gente fica se abdicando de ver a nossa família e vê por aí festinhas, de pessoas se aglomerando como se nada fosse acontecer. O que eles não entendem é que se precisarem de um leito de UTI, se um familiar precisar, mesmo se pagar particular não vai ter – destaca Sabino.
Aglomerações no fim de semana
Ao longo do feriadão da Páscoa, órgãos de fiscalização de várias cidades catarinenses registraram aglomerações e eventos clandestinos. Em Florianópolis, viralizaram imagens de beach clubs em Jurerê Internacional, com pessoas em festas desrespeitando o distanciamento social e outras medidas sanitárias, como o uso de máscara. Em um dos estabelecimentos, as luzes foram desligadas quando agentes da Guarda Municipal chegaram ao local, para tentar enganar a fiscalização.
O decreto atual do governo de SC não permite a realização de festas, nem o funcionamento de casas noturnas. Bares e restaurantes podem funcionar até às 22h. Em relação aos espaços públicos, como praias, parques e praças, as pessoas só podem circular para a prática de exercício individual.
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Mesmo com regras mais restritivas que as do decreto estadual, Imbituba registrou ocorrências de descumprimento das medidas. Por volta das 18h30 de sábado, a PM encontrou cerca de 60 pessoas em um bar na na Avenida Central da Praia do Rosa. Parte do grupo se escondeu no banheiro do estabelecimento depois da chegada da fiscalização. Um termo circunstanciado foi assinado pelo dono do local.