A Polícia Civil concluiu o inquérito que apurava as causas do rompimento do reservatório de água da Casan, em setembro do ano passado, no bairro Monte Cristo, em Florianópolis. A investigação terminou na última semana, mas foi divulgada apenas nesta sexta-feira (17).
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Dois engenheiros que atuavam na obra foram indiciados. Um deles era responsável pela execução, contratado pela empresa vencedora da licitação. O outro era responsável pela fiscalização, e era da Casan.
Resultados das perícias ajudaram a concluir inquérito
Foram feitas duas perícias pela Polícia Científica, cujos laudos (um primário e outro complementar) ajudaram na conclusão do inquérito. Os documentos foram apresentados apenas em dezembro do ano passado.
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A manifestação do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA-SC) sobre a qualificação dos dois engenheiros envolvidos também foi necessária para a conclusão do inquérito. Estas respostas só chegaram à Polícia Civil em março deste ano.
Só depois disso, os depoimentos das testemunhas e dos envolvidos na obra foram analisados pelos investigadores.
O que concluiu a investigação
A investigação apontou que a causa do rompimento foi a divergência do material utilizado na obra e o que estava previsto no projeto estrutural. Segundo laudo da Polícia Científica, foi usado menos material que o previsto em projeto, causando o rompimento da estrutura.
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Conforme constatou o laudo da perícia, o colapso aconteceu pela incapacidade da parede estrutural transferir aos pilares adjacentes os esforços exercidos pela quantidade de água que havia no interior no reservatório.
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Por meio do diário da obra, foi possível constatar quem eram os dois engenheiros responsáveis pela etapa da obra em questão, tanto pela execução quanto pela fiscalização. Eles foram indiciados por inundação e desabamento, ambos culposos, e qualificados por lesões corporais causadas aos moradores do entorno. Além disso, eles foram indiciados também pelo dano ambiental causado na região.
O que dizem os envolvidos
Em nota, a Casan informou que ainda não foi comunicada da conclusão do inquérito. Leia na íntegra:
“A Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (CASAN) informa que ainda não foi notificada e ou, informada oficialmente sobre a conclusão do inquérito policial que apurava o rompimento do reservatório de água da Casan, ocorrido no dia 6 de setembro de 2023, no Bairro Monte Cristo, em Florianópolis. A Companhia reitera que tão logo tome ciência formalmente sobre o teor da conclusão do inquérito, irá analisar e tomar as providências cabíveis.”
A Construtora Gomes & Gomes Ltda, empresa responsável pela execução do projeto do reservatório, afirmou que não foi comunicada sobre a conclusão do inquérito.
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Relembre o caso
O rompimento de um reservatório de água da Casan ocorreu na madrugada de 6 de setembro de 2023. Na ocasião, carros foram arrastados e casas ficaram destruídas com o incidente. Duas pessoas ficaram feridas. Por conta do incidente, cerca de 100 pessoas precisaram de acolhimento e 85 casas foram atingidas.
Segundo a companhia, o rompimento ocorreu às 2h na rua Luís Carlos Prestes, no bairro Monte Cristo após uma das paredes se deslocar. A via ficou alagada por cerca de 2 mil metros cúbicos e destruiu muros de casas e carros.
À época, a área foi evacuada e isolada, e a companhia fez o fechamento das entradas do reservatório para evitar o escoamento de água.
Veja imagens da destruição no Monte Cristo, em Florianópolis
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