O rompimento das adutoras da Casan que ocorreu na madrugada de quarta na Grande Florianópolis aconteceu em um ponto crítico, segundo o engenheiro sanitarista Ramon Lucas Dalsasso, que leciona na área de sistemas de abastecimento de água na Universidade Federal de Santa Catarina. De acordo com ele, o sistema da região não é especialmente frágil, mas possui dois pontos que merecem atenção.

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– O ponto mais vulnerável de todo sistema é na saída da estação, onde ocorreu o acidente. Em Florianópolis, outro ponto é a ponte, onde passam todas as tubulações. Se rompe ali realmente fica impedido de transportar a água, e vai depender da agilidade para recompor o tubo que se rompeu – explica o professor.

Dalsasso explica ainda que a região possui uma vantagem, que é a divisão em três sistemas separados: o sistema metropolitano, que foi o afetado neste caso, que atende o centro de Florianópolis, a área continental e as demais cidades; o sistema Leste-Sul, que se abastece da Lagoa do Peri; e o sistema Costa Norte que atende o Norte da Ilha. Outras cidades possuem apenas um sistema e portanto seriam completamente afetadas em uma situação como a presente.

As possíveis formas de se preparar para estes problemas seriam com mais reservatórios nas cidades e com um sistema ampliado de poços para situações emergenciais e períodos como o verão, quando a demanda aumenta muito em regiões turísticas como a Ilha. A reserva nos sistemas, segundo o professor, é geralmente de um terço da água consumida na cidade em um dia. O ideal seria ter o suficiente para meio dia, amenizando os transtornos para a população durante o período de conserto.

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A probabilidade de ocorrer problemas como estes, porém, são pequenas na opinião do engenheiro. Como não há grandes chances de desastres naturais, como terremotos, ou ocorrência de guerras na região, é pouco provável que um acidente venha a romper a tubulação da ponte, por exemplo. Uma forma de proteger os tubos na saída da estação seria enterrá-los, mas a condição geográfica da área pode dificultar a obra.

Os materiais usados no sistema também são adequados, segundo ele.

– Com a ação do tempo e o limo, a estrutura às vezes parece antiga e danificada. Mas na verdade são estruturas de concreto resistentes e tubulações de ferro fundido.

No caso do acidente de ontem, a erosão do solo que foi responsável pela queda dos pilares de sustentação. Segundo o Diretor de Operações e Meio Ambiente da Casan, Valter Gallina, além da recuperação emergencial, foi elaborado um projeto de ancoragem para sustentação horizontal das adutoras, que deve ser construído nos próximos dois meses para fortalecera base e evitar novos problemas.

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