Galileu desafiou a teoria de que a Terra era o centro do universo. Os colonizadores norte-americanos desafiaram a estrutura feudal e os privilégios herdados da sociedade européia. Picasso e outros modernistas desafiaram a arte convencional. Einstein desafiou a física newtoniana. Os revolucionários são subversivos, mas seu objetivo não é a subversão. O que os defensores da ortodoxia veem como subversão, os líderes do novo pensamento enxergam como iluminação. Em outras palavras, os ativistas não são anarquistas. Sua meta não é destruir, mas reformar. Eles sabem que os cidadãos não engajados merecem o que o futuro lhes reserva, seja lá o que for. Isso vale para os planejadores das cidades.

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Feito o preâmbulo, infere-se que a preocupação com o dever do ponto de vista ético é antiga. Aparece lá na Grécia com os estóicos e mais modernamente com Kant e sua filosofia de dever.

Na infância da humanidade, por exemplo, o homem só aplicava a inteligência para a cata do alimento, preservação das intempéries e defesa dos seus inimigos. Pela tradição, o dever de instruir e instruir-se vem dos mais antigos aos mais novos. Assim, do incessante dever de melhorar sua posição, o homem é impelido à pesquisa, daí o levou às descobertas, às invenções e ao aperfeiçoamento.

Com o tempo, o homem e a mulher aprenderam que das necessidades do corpo sucedem as do espírito. Ou seja, depois do alimento material, precisa-se do alimento espiritual. Razão pela qual passou da selvageria à civilização.

Nesse panorama e refletindo os múltiplos deveres a serem observados pelo homem e pela mulher, certamente o do meio ambiente é o que lhes é mais caro – o bem-estar, uma vez que o ser humano não vive isolado. Neste instante, diz o professor Gary Hamel: “Planejar tem haver com programar, não com descobrir. Planejar não é para sonhadores”. O crescimento das cidades terá que ser pensado de maneira a proteger áreas preservadas, encostas e cursos d’água. Se as cidades “dormirem de toca”, tudo estará tomado.

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