Ele deixou a população catarinense suando muito no verão, mas também provocou arrepios nas praias do Estado. É o fenômeno La Niña que resfria as águas do Oceano Pacífico e provoca anomalias no clima de todo o planeta. Em Santa Catarina deixou as águas do mar geladas e contribuiu para os dias de calor intenso. Aos poucos está perdendo força e deve deixar de atuar até maio, dando espaços às chuvas e aos banhos de mar com águas mais agradáveis.
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Dentro das próximas semanas, os dias seguidos de sol serão mais raros e o guarda-chuva deve ficar sempre por perto, afinal, pancadas de chuva podem ocorrer com frequência, especialmente no fim do dia. No varal, as roupas podem demorar para secar, pois a umidade do ar estará alta bem diferente destes últimos meses. Para se ter uma ideia, no mês passado as estações do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), apontaram que os índices de umidade relativa do ar de Florianópolis se manteve entre 42% e 57% quando deveriam estar entre 70% e 80%.
Na terça-feira, os índices já estavam normais. A sensação de abafamento também fará companhia aos catarinenses no restante do outono, já que as temperaturas não devem cair muito até a chegada do inverno.
Neste ano, o La Niña deixou marcas no Estado. Se por um lado fez a alegria dos turistas, especialmente entre os dias 30 de janeiro e 9 de fevereiro quando foram registrados 11 dias consecutivos de temperaturas acima dos 30ºC, por outro afetou 10,7% da população (672.369 moradores) com a estiagem. Até esta terça-feira, 123 municípios já haviam decretado situação de emergência. Situação, que mesmo com o La Niña sem força, não deve mudar muito neste mês. Segundo a meteorologista do Epagri/Ciram, Marilene Lima, as chuvas previstas não serão suficientes para reverter a situação do Oeste e Extremo-Oeste catarinense.
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– É um processo lento e gradativo que não muda de uma hora para outra. Não podemos saber exatamente quando ele deixa de atuar e quando deixar seus efeitos ainda serão percebidos por um longo período – explica.
Nas demais regiões do Estado, a previsão meteorológica indica dias de mais normalidade, ou seja, não chove muito, nem pouco, não faz muito calor, nem muito frio.
– Gradativamente a atmosfera deverá responder sem influência da La Niña. A tendência é de normalidade, ou seja, chuvas e temperaturas dentro da média esperada – aponta Leandro Puchalski, da Central RBS de Meteorologia.
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Puchalski explica que boa parte do oceano está com temperatura dentro do normal ficando uma pequena parte, mais no centro, com águas ainda frias e até perto da América do Sul mais quente.
– Isto mostra o fim próximo da La Niña – diz.
Entenda
O que é o La Niña: uma anomalia no mar e na atmosfera entre Austrália e Peru que provoca o resfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico.
Como o fenômeno funciona: no Oceano Pacífico a temperatura da superfície do mar diminui próximo e chega a ficar até 4ºC abaixo do normal. Onde a água está mais quente, o ar sobe e começa a formar o que os cientistas chamam de Célula de Walker (uma circulação de ar sobre o Oceano Pacífico). O ar quente que subiu se desloca em direção à América do Sul, onde esfria e desce. A descida do ar inibe a formação de nuvens de chuva.
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O que ele provoca: mudanças no clima em diversas regiões do planeta.
Como atua em Santa Catarina: diminui a ocorrência de chuva, altera sua distribuição, traz períodos de muito calor e muito frio (temperaturas abaixo do normal para o verão).
Desde quando ele atua em SC: novembro de 2011.
Quando começou a enfraquecer: entre fevereiro e março de 2012
Quando deve terminar: entre o fim de abril e decorrer de maio
O que vai acontecer nos próximos meses: sem a atuação do La Niña a tendência é de que o restante do outono e inverno tenham características típicas da estação, ou seja, não deve chover muito, nem pouco. Não deve fazer calor fora de época, nem frio muito intenso.
A previsão do tempo para esta semana
As chuvas devem chegar a todas as regiões do Estado, concentrada especialmente entre a tarde e noite. Entre hoje e amanhã diminui a condição de temporal. Os valores de chuva devem variar entre 10mm e 30mm no Litoral e 10mm a 20mm nas demais regiões. No sábado entra uma frente fria e no domingo as temperaturas podem cair. Na Serra faz mínima de 10ºC e no Litoral a sensação térmica será de 12ºC.
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A previsão do tempo para maio e junho
As chuvas devem ser causadas pela influência de frentes frias e sistemas de baixa pressão. Também é a época de atuação dos ciclones extratropicais, próximo ao litoral, que oferecem perigo às embarcações, quando os ventos fortes e mar agitado muitas vezes resultam em ressaca. Em relação às temperaturas, a previsão é que fiquem próximas a normal para a época, mas com uma característica de noites e madrugadas mais frias devido a persistência de massas de ar frio e seco. Há possibilidade de neve, principalmente, no Planalto Sul, de maio para junho.