Ao perder 25% das cadeiras que detém na atual composição do parlamento, a coligação do primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, venceu as eleições ao parlamento israelense, mas saiu tão enfraquecida que levantou dúvidas sobre a capacidade de seu partido, o Likud, de formar um novo governo.
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Ao se concentrar na conquista de eleitores de direita e religiosos com um discurso belicista e direcionado aos assentamentos judaicos na Cisjordânia, Netanyahu tem pela frente o desafio de compor um bloco parlamentar num cenário em que a centro-esquerda e os partidos árabes ganharam espaço. Segundo as estimativas mais recentes, ainda não oficiais, os campos governista e de oposição estão empatados com 60 assentos cada um. O Knesset (parlamento de Israel) tem 120 assentos.
Com essa configuração, Netanyahu que esperava ter maioria sólida em questões que considera essenciais, como o avanço dos assentamentos israelenses e o programa nuclear iraniano, será forçado a negociar com o centro. A coalizão Likud-Beitenu – formada pelo Likud de Netanyahu e pelo partido Yisrael Beitenu de seu ex-ministro das Relações Exteriores Avigdor Lieberman – obtém 30 assentos, 12 a menos do que na legislatura atual.
Em segundo lugar, com 19 deputados, está a grande surpresa da eleição, o partido recém-criado Yesh Atid (Existe um Futuro), liderado pelo ex-apresentador de TV Yair Lapid. Ele baseou sua campanha em reivindicações econômicas da classe média, declarou-se favorável à generalização do serviço militar (que exclui, até o momento, os religiosos) e à retomada das negociações com os palestinos.
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Em editorial publicado ontem, o jornal Haaretz, de esquerda – que, como a maior parte da imprensa israelense e mundial, previa uma vitória ampla da direita – afirmou que os israelenses acordavam para um dia de incertezas e que Israel não havia expressado “nenhuma confiança” no primeiro-ministro.
– Os resultados mostram que o público rejeitou a radicalização à direita do Likud, afirmou o Haaretz.