Nem Nilo, nem Carminha: a melhor performance da noite de ontem foi do presidente Barack Obama no segundo debate da corrida eleitoral americana. O democrata parece ter reencontrado a vivacidade perdida no primeiro confronto, em Denver, quando se comportou de forma quase passiva diante de um inspirado Mitt Romney. O formato especial do encontro, o chamado “town hall” (ou “assembleia municipal”), no qual eleitores comuns fizeram perguntas aos candidatos, pode ter favorecido o candidato da situação. Mas houve uma nítida preocupação de Obama em não permitir que o adversário deixasse o auditório da Universidade Hofstra, em Hempstead, Estado de Nova York, sem ser inquirido sobre cada um de seus muitos erros e fraquezas.
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Por vezes, Obama chegou a parecer agressivo. Disse que Romney investiu em empresas que criaram empregos na China, ironizou o adversário por só ter sido concreto em relação a Garibaldo (o republicano sugeriu cortar a subvenção para o programa Vila Sésamo, exibido pelo canal público PBS) e sustentou que sequer George W. Bush foi tão longe em matéria de política econômica elitista. Mesmo ao responder sobre o ataque à embaixada americana na Líbia, uma das mais graves falhas de inteligência de seu governo, encontrou o tom certo, a partir de uma categórica defesa dos servidores do corpo diplomático americano.
Se Obama estava irreconhecível em relação ao primeiro debate, Romney foi igualmente distinto. Em seu melhor momento, tentou encurralar o presidente a respeito de um atraso de 16 dias em considerar o atentado contra a embaixada em Benghazi um ato terrorista (quem negou explicitamente essa possibilidade foi a embaixadora de Obama na ONU, Susan Rice). Acabou gaguejando e sendo corrigido pela mediadora e âncora da CNN, Candy Crowley.