A técnica de enfermagem Yara Filomena Werner da Silva, de 46 anos, que teve o corpo carbonizado numa área de matagal em Florianópolis, havia relatado, em janeiro deste ano, já ter sido hospitalizada devido à violência doméstica. O caso teria ocorrido em 2013, conforme apurou a reportagem.
Continua depois da publicidade
> Receba notícias de Florianópolis e região pelo WhatsApp
Na ocasião ela já se relacionava com seu atual marido. A Polícia Civil recebeu a informação sobre a agressão somente agora, quando investiga a morte de Yara, mas não identificou boletim de ocorrência do caso relatado nas redes sociais.
Yara mencionou a agressão em resposta a uma publicação de uma amiga, que cuidou de dois dos três filhos da técnica em enfermagem enquanto ela estava no hospital. A filha mais nova, hoje com sete anos, ainda não era nascida.

À reportagem, o delegado Ênio Mattos, da Delegacia de Homícidios da capital, afirmou que o marido de Yara já prestou depoimento na investigação sobre o homicídio e negou participação. Mattos já havia revelado à reportagem, em contato anterior, que os primeiros suspeitos do caso são pessoas próximas a Yara. E disse que o marido não pode ser visto como principal suspeito, também por não colocar ninguém nesta condição.
Continua depois da publicidade
Em seu depoimento, o companheiro de Yara não foi questionado sobre a agressão que teria ocorrido há nove anos, justamente por não haver registro formal dela, segundo o delegado.
Yara havia sido vítima de violência pelo atual marido também em 2018, o que foi registrado em boletim de ocorrência. Na ocasião, ela recebeu orientação policial para pedir medida protetiva contra ele. No entanto, Yara não levou a recomendação à frente, segundo a Polícia Civil.
Esse registro é parte de quase 30 ocorrências envolvendo a vítima, que foram identificadas quando o sumiço da técnica de enfermagem ainda era investigado pela Delegacia de Polícia de Pessoas Desaparecidas (DPPD). Os documentos tratavam de situações como ameaças, crises familiares e domésticas, com o atual e ex-companheiros.
Até aqui não houve pedido de prisão de suspeito algum, de acordo com o delegado Ênio Mattos. Ele também afirmou que não foi encontrado, até agora, o telefone celular com o qual Yara estaria no dia em que desapareceu. O delegado chegou a levantar a hipótese de que o aparelho teria sido queimado.
Continua depois da publicidade
Yara foi identificada através da arcada dentária. E seu perfil não indicava um desaparecimento por conta própria.
A vítima era uma profissional ativa no Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC), onde trabalhava desde 2006, e uma mãe muito apegada aos filhos. Para conhecer o perfil dela, a Polícia Civil conversou com familiares e colegas de trabalho da vítima, no último dia 31, quando a família registrou o desaparecimento.
Yara havia saído de casa na tarde de 29 de março para ir ao trabalho, mas não apareceu no local.
Leia mais
SC tem quase uma ação judicial por dia por crime de stalking desde sanção da lei
Violência contra a mulher: especialistas apontam como mudar cenário de abusos em SC