Uma enfermeira matou o companheiro, um policial civil, e dirigiu por cerca de uma hora e meia com o corpo dele no banco de trás do carro até sofrer um acidente, na BR-116, na serra catarinense, nesta segunda-feira. Foi por causa da colisão que o crime foi descoberto. O amante da enfermeira é cúmplice e os dois foram presos em flagrante, nesta terça-feira, em Lages.

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Maharish Blue do Amaral e Silva, 38, e o policial civil Ari dos Santos, 41, viviam há quatro anos juntos. Há cerca de um ano, Maharish e o ambulante Geovan Brasil de Oliveira, 39, começaram a ter um caso.

A enfermeira decidiu se separar de Ari para viver o novo amor, mas dependia financeiramente do policial, além de lhe dever dinheiro. Ela e o amante decidiram matar Ari, tentar ficar com sua aposentadoria, não pagar as dívidas e receber o seguro do veículo, já que planejavam jogar o policial morto dentro do carro, num precipício, simulando um acidente.

Ari foi assassinado no quarto do casal, em Lages, a partir das 18h30min desta segunda-feira. Maharish limpou a casa. Por volta das 20h, Ari foi colocado morto, sem arma e descalço no carro, guiado pela mulher. O amante seguia em outro carro, na frente, rumo a Correia Pinto.

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Havia muita neblina na BR-116 quando a enfermeira colidiu contra um caminhão, por volta das 21h30min. Ela não sofreu um arranhão. O motorista do caminhão foi prestar socorro e quando sentiu a pulsação de Ari, no banco de trás, percebeu que o corpo estava frio.

A enfermeira saiu correndo e fugiu com o amante para Lages. O motorista achou a história estranha, até porque não houve dano na parte de trás do veículo a ponto de matar o passageiro.

Na presença de policiais, o motorista reconheceu Maharish, que havia dito à polícia que não estava no local do acidente. Os investigadores descobriram também que o amante comprou dois pares de luvas cirúrgicas no sábado.

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De acordo com o delegado titular da Divisão de Investigação Criminal (DIC) de Lages, Sérgio Roberto de Sousa, o amante diz que os dois usaram as luvas para carregar o corpo e que quem matou Ari foi a enfermeira, com uma injeção de produto tóxico.

O delegado Sérgio contou que a enfermeira disse que só o amante usou luvas e que foi ele quem matou o policial com uma pancada na cabeça.

– Acabou o amor. Agora é um acusando o outro – disse o delegado.

Outro detalhe que chamou a atenção da polícia foi que um parceiro de trabalho da vítima contou que Ari jamais andava sem sua arma. A perícia encontrou também um rastro de sangue entre o quarto e a sala da residência do casal, que ainda está sob análise.

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De acordo com o delegado Sérgio, os dois amantes planejaram e executaram o crime juntos. Serão indiciados por homicídio qualificado (motivo torpe e vítima sem chance de defesa), furto (arma do policial) e tentativa de ocultação de cadáver. Eles foram encaminhados para o Presídio Regional de Lages.

O crime foi esclarecido por policiais da 8.ª DP Regional de Lages e pela DIC de Lages. A causa e o horário da morte de Ari dependem ainda dos laudos periciais.

O policial Ari dos Santos deixa dois filhos de seu casamento anterior.