Nem todos os candidatos inscritos no Enem 2020 conseguiram entrar nas salas de aula para realizar as provas neste domingo (17) em Santa Catarina. Os espaços lotaram e diversas pessoas ficaram do lado de fora sem poder fazer o exame. Elas terão de esperar para uma reaplicação da prova, que deve acontecer em fevereiro.
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Os candidatos conseguiram entrar nos locais de prova dentro do horário pré-estabelcido, antes do fechamento dos portões, mas mesmo assim não puderam realizar as provas de linguagens, ciências humanas e redação. Segundo a jovem Estela Campelo Silveira, de 18 anos, ela foi informada de que terá de pedir a reaplicação da prova no site do Inep.
– É chato, não é culpa minha, não fiz nada. Me preparei para a prova, vim aqui ficar no sol o tempo todo e agora a sala está lotada – contou em meio as lágrimas.
A jovem faz cursinho há dois anos para fazer o Enem e tentar entrar no curso de Direito. Ela chegou cedo neste domingo ao Espaço Físico Integrado (EFI) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis.
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O mesmo aconteceu com a filha da empresária Lindonês Dresch. Elas saíram de Joaçaba e percorreram 600 quilômetros para que a jovem pudesse realizar a prova. As duas moram na Capital, mas estavam no Oeste na casa da família por causa da pandemia.
– Vim acompanhar minha filha e ela estava a um metro para entrar na sala, mas não vai poder fazer a prova hoje porque dizem que não tem mais espaço. Segundo eles, já estavam cientes de que isso ia acontecer, por isso o advogado do Inep está aqui dando explicações – explicou.
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A empresária defende que a prova seja realizada por todos os candidatos neste domingo ou que seja cancelada para todo mundo. Segundo Lindonês, o emocional dos candidatos já está mexido por causa da ansiedade e agora não poderão fazer a prova.
– Para mim todos devem fazer ou ninguém pode. Ela (filha) se preparou bastante para o Enem e isso é o que dá mais dó, corta o coração – desabafou.
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Na saída da prova, ao final da tarde, alguns alunos relataram atraso no início da prova e falta de álcool gel nas salas
– Na chegada tive dificuldade para encontrar (a sala), a fila estava bem grande, não passaram álcool gel. Na sala também houve uma desorganização na hora de pegar a prova, mas no final deu tudo certo – contou Nicole Louise do Santos, 17 anos, que faz o Enem pelo segundo ano consecutivo.
Os alunos que não puderam fazer a prova não chegaram a receber comprovantes de que poderiam participar da reaplicação. Alguns chegaram a organizar por conta própria uma lista de presença para garantir que não tivessem a situação contabilizada como falta na prova deste domingo.
A reportagem fez contato com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pelo Enem,, para saber quantos alunos vão precisar fazer a reaplicação da prova por conta da falta de espaço nas salas, como eles serão identificados e qual a ocupação utilizada na prova deste domingo, mas até a última atualização desta reportagem não obteve retorno.
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Em um vídeo enviado à reportagem, o chefe de gabinete da reitoria da UFSC, Áureo Moraes, disse que representantes do Inep orientaram os aplicadores de prova de que deveriam reduzir a capacidade das salas para no máximo 40%. Dessa forma, a organização permitiu a entrada dos candidatos até chegar aos 40% de capacidade dos espaços, e impedindo que os demais concorrentes acessassem as salas após esse limite. Ele frisa que a decisão foi do Inep e que não foi comunicada formalmente à UFSC, que já havia feito um alerta sobre o caso na sexta-feira.

UFSC alertou sobre possibilidade de lotação
A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) emitiu uma nota na última sexta-feira em que afirma que concordou em ceder as salas de aula ao Inep para realização do Enem, mesmo diante das limitações impostas pela pandemia do coronavírus. Segundo a universidade, a participação da UFSC se dá apenas em relação aos espaços físicos, sem envolvimento com detalhes operacionais ou protocolos de saúde.
Em nota, a univerisdade também explicou que deixou explícitas as condições que precisavam ser respeitadas para garantir a segurança dos candidatos e profissionais. Entre elas estava o número de alunos por sala limitado a, no máximo, 40% da capacidade dos espaços. De acordo com a UFSC, o Inep e a instituição responsável pela aplicação das provas distribuíram os participantes utilizando 80% da capacidade das salas.
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– Em 12 de janeiro, tão logo a informação chegou à Administração Central da UFSC, a Universidade enviou ofício às duas instituições solicitando que respeitassem o limite de 40%. Até o final da tarde desta sexta-feira, 15 de janeiro, não houve resposta – afirmou em nota.
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A Defensoria Pública da União (DPU) afirma que o Inep mentiu sobre as medidas de segurança adotadas, já que manteve as salas com 80% de ocupação. O órgão chegou a entrar com ação para anular a decisão da Justiça Federal que manteve a realização do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) para este domingo.