A encosta às margens da Via Expressa, em Blumenau, onde ocorreu um deslizamento que matou duas pessoas e deixou outra ferida na manhã de 27 de março, está em processo de reestabilização. A Empreendimento Hoteleiro Via Expressa Blumenau SPE, empresa que estava construindo um hotel no local quando ocorreu o desmoronamento, tem até o dia 14 de junho para estabilizar o terreno. O projeto foi aprovado recentemente pela Secretaria de Defesa do Cidadão de Blumenau.

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O secretário da pasta, Carlos Olímpio Menestrina, explica que no momento a empresa está recolocando o barro contra a encosta para conter futuros deslizamentos. Quando o local estiver seguro, haverá a perfuração do terreno e colocação de estacas. Após levantar a contenção, a obra será novamente avaliada pela secretaria, que poderá liberar a construção ou pedir mais ajustes.

Enquanto o terreno estiver em período de reestabilização, três residências localizadas sobre a encosta atingida pelo deslizamento seguirão interditadas. A reportagem esteve na região na quinta-feira e, em uma das casas na Rua Prudência Pereira, apesar da ausência dos moradores, encontrou os animais de estimação e objetos fora de casa. Os vizinhos afirmam que o local não chegou a ser desocupado após o deslizamento.

A situação é semelhante em uma das residências interditadas na Rua Linus Hadlich. Um morador da vizinhança afirmou que ninguém saiu do local após o alerta da Defesa Civil, com a justificativa de que o risco não aumentou após o deslizamento.

Menestrina afirma que, por questão de segurança, os moradores foram orientados no dia do deslizamento a deixar as residências por tempo indeterminado. A empresa responsável pela construção do hotel foi encarregada por subsidiar a estadia desses moradores enquanto o terreno não for liberado.

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— Nossa orientação é que eles ainda fiquem longe das residências e voltem depois de concluído o plano de estabilização. Mas não temos como obrigá-los a ficar fora de casa — ressalta o secretário Defesa do Cidadão.

Simultaneamente ao processo de reestabilização da encosta, a polícia trabalha na investigação do acidente. Nesta quinta-feira, o delegado Juraci Darolt, da 2ª Delegacia de Polícia Civil de Blumenau, ouviu o engenheiro responsável pela obra e o proprietário do empreendimento. A intenção é apurar a responsabilidade técnica e gerencial sobre a execução e o tempo do trabalho de contenção junto ao barranco que desmoronou. O objetivo é identificar se há responsabilidade criminal no evento. Os últimos depoimentos devem ser concluídos até a próxima semana.

Morre único sobrevivente

Único sobrevivente do desmoronamento, Ademir José Ferreira morreu na madrugada desta sexta-feira. Ele teve uma parada cardíaca, chegou a ser socorrido pelos bombeiros, mas faleceu no Hospital Beatriz Ramos. Nesta manhã o operário seria submetido a mais uma cirurgia no tornozelo esquerdo. Seria a sexta operação no período de um mês, todas no mesmo pé, no qual Ademir alegava não sentir qualquer estímulo.

Conforme relatos dos familiares, que conversaram com o Santa no decorrer desta semana, a recuperação de Ademir tinha momentos positivos, como a operação para enxerto do pé, mas também problemas. Ele não tinha recebido alta do hospital, para onde retornava com frequência, mas estava liberado para continuar a recuperação em casa. Além disso, todos os dias ia para o posto de saúde do bairro onde morava em Indaial para fazer os curativos.

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O operário iria comparecer à delegacia na próxima segunda-feira, para ser ouvido na condição de vítima, na investigação do processo criminal. Os familiares afirmam que a empresa com sede em Indaial em que ele é contratado está oferecendo apoio e sendo solícita quanto às necessidades da vítima.