Após ter culpado o Banrisul pelo atraso na aprovação do financiamento das obras do Beira-Rio, a Andrade Gutierrez telefonou nesta segunda-feira ao banco para solicitar nova reunião, hoje à tarde, com os técnicos responsáveis pela liberação de crédito. O encontro, que pode reaproximar as empresas, está marcado para hoje à tarde.
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– Espero que eles queiram a reunião para apresentar nova proposta, pois a anterior está descartada – afirma o presidente do Banrisul, Túlio Zamin, em referência ao conjunto de garantias que deveria ser apresentado pela construtora antes da concessão do financiamento de mais de R$ 200 milhões.
A faísca entre banco e construtora foi provocada pela nota oficial publicada no sábado pela Andrade Gutierrez, afirmando que o Banrisul estaria dificultando a operação. Ontem, o governador Tarso Genro respondeu logo cedo que o banco está correto – e que já não tinha certeza se o Beira-Rio sediará a Copa. Fontes do Piratini admitem flexibilizar condições pontuais para evitar o risco de que o Mundial saia do Estado, mas dizem que a construtora precisará fazer o mesmo.
– Já conhecemos o jogo de pressão deles (a construtora), eles fazem isso no mundo inteiro. O governador deu a linha. Não vai ter jogo nessas condições que eles querem. O que pode ter é uma facilitação aqui ou ali – diz um interlocutor do governo.
Integrantes do primeiro escalão acreditam que a Andrade Gutierrez esteja barganhando vantagens no contrato. Contudo, interpretam que o pedido de reunião da empresa com a área de crédito do Banrisul signifique a disposição de ser mais flexível. Tarso delegou ao vice-governador Beto Grill e ao chefe da Casa Civil, Carlos Pestana, a tarefa de destravar a assinatura do contrato entre Inter e Andrade Gutierrez.
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Eles estão em contato com executivos da empresa e com técnicos do BNDES – origem do recurso que financiará a obra -, tendo como intermediário o Banrisul. Aliados do governador estão dispostos a mexer todas as peças para não deixá-lo estigmatizado como o governante que perdeu a Copa. O PT, ainda hoje, enfrenta o trauma de ter sido apontado como responsável pela perda da Ford, no governo Olívio Dutra.
As dúvidas que a construtora não responde
ZH encaminhou ontem questões à Andrade Gutierrez. Confira o que não está explicado e a resposta, que veio por meio de nota.
Por que a Andrade Gutierrez, cujo faturamento anual supera os R$ 18 bilhões e cujo patrimônio inclui sociedade em empresas como a operadora Oi, não apresenta garantias suficientes para tomar o empréstimo do BNDES?
De quanto será esse empréstimo, já que até agora a empresa buscava investidores para participar do negócio?
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Quem são os investidores escolhidos? Eles precisam de empréstimo para bancar sua parte no empreendimento?
O Banrisul não é a única instituição financeira capaz de fazer o repasse dos recursos do ProCopa junto ao BNDES. A AG não procurou nenhum outro banco para apresentar o plano de garantias? Se sim, quais bancos e qual é a situação? Se não, por quê?
Quais foram as garantias apresentadas no plano?
O presidente do Banrisul, Túlio Zamin, afirmou que respondeu à Andrade Gutierrez há um mês, ao contrário do que diz a nota oficial da empresa, que afirma estar esperando retorno. O que Zamin afirma não é verdade?
Se a exploração dos espaços no Beira-Rio e entorno acertada com o Inter é rentável, por que a empresa não assumiu o empreendimento ainda, para depois buscar investidores?
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Por que a Andrade Gutierrez não busca o financiamento pelo ProCopa Arenas diretamente no BNDES?
O governador do Estado, Tarso Genro, expressou dúvidas quanto à realização da Copa no Beira-Rio, por conta da polêmica da nota. Qual a posição da empresa?
A resposta da empresa
“A Construtora Andrade Gutierrez reitera que acredita em uma solução consensual para o entrave que hoje impede a reforma e modernização do Estádio Gigante da Beira-Rio e está envidando todos os esforços para negociar as garantias dos parceiros, única pendência para a formação da SPE.
A empresa tem confiança de que a união entre todos os agentes envolvidos nesse processo pode beneficiar não somente o S.C Internacional, mas todo o Estado do Rio Grande do Sul. Nesse sentido, também está aberta ao diálogo e às negociações, que devem resultar em uma conclusão satisfatória para todas as partes e, acima de tudo, para o povo gaúcho, que receberá em sua casa os jogos da Copa do Mundo de 2014.”