Araranguá foi o epicentro do Furacão Catarina, que assolou cidades do Sul do Estado entre os dias 27 e 28 de março de 2004. Mais de 10 anos depois, a cidade recebe a III Edição do Encontro Sobre Fenômenos, Adversidades e Mudanças Climáticas da Região Sul, que acontece em memória aos 10 anos da passagem do furacão, nesta quinta e sexta-feira.
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Um dos principais objetivos, segundo o coordenador da ONG Sócios da Natureza, Tadeu Santos, é disseminar informações e esclarecimentos sobre riscos a que a população está exposta e dar voz às comunidades afetadas por eventos climáticos extremos para que suas demandas sejam reconhecidas. Realizado desde 2005 em Araranguá, Criciúma e Tubarão, o evento reúne autoridades, entidades, ONGs, professores e a comunidade.
Imagem do furacão vista pelo satélite
Foto: Reprodução
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O metereologista da Epagri-Ciram, Clóvis Levien Corrêa, se especializou nesse tipo de fenômeno após o furacão de 2004 e participa na manhã de sexta-feira de uma mesa redonda, em que discute o inesperado furacão e possibilidades futuras com o climatologista Maurici Monteiro, e os geógrafos Maria Lúcia de Paula Hermann e Emerson Vieira Marcelino.
Leia a entrevista exclusiva do metereologista ao Diário Catarinense:
DC – O cenário da metereologia mudou muito nesses 10 anos, desde o Furacão Catarina?
Clóvis Levien Corrêa – Certamente. Com a tecnologia, hoje em dia as condições estão bem melhores. Até hoje não temos registros de nenhum outro evento igual. Para detectar outro evento desse, teríamos que ter imagens de satélite, que só temos de 1950 pra cá. Hoje, claro, com a tecnologia que tem seria detectado facilmente. Durante esse período não tem registro de nenhum evento parecido na costa do Brasil. Poe ter uma recorrência de centenas de anos para ter um novo fenômeno desse.
DC – Então o evento é mais para prevenir quanto a ocorrências menores?
Corrêa – O evento é bom para as pessoas se prepararem. O Furacão Catarina foi o único que aconteceu, mas, com as mudanças climáticas que estão ocorrendo, não se sabe até quando isso pode permanecer. Tem uma colocação que as águas mais próximas da nossa costa devem aquecer mais. Através da água mais quente que forma o furacão.
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DC – Pode ser que o cenário climático mude muito em pouco tempo?
Corrêa – Exatamente. Não tem como prever isso. O que se tem é a expectativa do que se pode acontecer. As mudanças estão acontecendo no nosso planeta, especialmente em função da sociedade.
DC – De qualquer forma, estaremos mais preparados caso aconteça novamente?
Corrêa – Em primeiro lugar, estaremos mais preparados porque ele já aconteceu, não pegará ninguém de surpresa. Quando o furacão aconteceu, houve uma divergência muito grande até entre os profissionais da minha área. Isso dificultou em certos momentos. Assustou muito a sociedade, o governo. A tendência é que seja detectado rapidamente e sejam tomadas as providências.