Em uma conversa com sete jornalistas convidados na tarde desta segunda-feira, o secretário de Estado da Fazenda, Antonio Gavazzoni explicou que está deixando a função para se dedicar pessoalmente a sua defesa nos processos envolvendo as delações da JBS e da Odebrecht na Operação Lava-Jato. A decisão ocorreu após uma conversa com o governador Raimundo Colombo (PSD), na noite de domingo.

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— Não posso ficar aqui trabalhando e assistir um cara hoje dizer uma coisa, amanhã dizer outra. Sou doutor em Direito, quem melhor do que eu pra cuidar da minha própria vida? É a coisa certa. Encontrei meus limites. Eu vou pro pau. Vou processar quem tem que processar — garantiu o secretário.

Conforme o diretor da JBS Ricardo Saud, Colombo e Gavazzoni teriam recebido ao menos R$ 10 milhões da empresa. Na delação, realizada em maio deste ano, o executivo conta que os valores, considerados pela PGR como propina, foram para a campanha de 2014 . A empresa teria intenção de comprar a Casan através de um braço de construção civil da gigante do setor alimentício. Encontros entre Joesley Batista, sócio da JBS, e o governador teriam ocorrido em meados de 2013, mesmo ano que em que houve a compra da Seara. As delações já foram homologadas pelo STF.

Também há citação do ex-secretário em delações da Odebrecht. De acordo com delatores da empreiteira, Colombo e homens de sua confiança — Gavazzoni entre eles —, teriam pedido um total de R$ 17,1 milhões em doações não contabilizadas (caixa 2) para representantes da empresa entre 2010 e 2015. O destino dos valores seria campanhas do PSD catarinense, segundo relatos de colaboração premiada de dois ex-executivos da Odebrecht Ambiental, braço de saneamento da construtora.

Gavazzoni estava no cargo desde 2013 e deixou o cargo nesta segunda-feira. Antes da conversa com os jornalistas, ele divulgou uma nota oficial em que diz não ter mais “forças para seguir comandando os homens e mulheres de grande capacidade técnica que pertencem aos quadros da Fazenda”. A vaga será assumida por Almir Gorges, ex-secretário-adjunto da pasta e funcionário de carreira do governo do estado.

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