Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) detectaram nas amostras de águas das enchentes índices elevados de bactérias, principalmente a leptospira, que causa leptospirose. Até a noite de domingo (26), 124 casos da doença já tinham sido confirmados no estado gaúcho e outros 714 estavam em análise. Segundo o g1, desde o início das enchentes, quatro óbitos pela doença foram confirmados.
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Em apenas três unidades de saúde de Porto Alegre, os números saltaram de uma média de cinco casos por mês para 63 em maio. Segundo Salatiel Wohlmuth da Silva, professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS, as análises apontaram que vários parâmetros estão fora do índice de qualidade de água.
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Ilma Brum, professora do Departamento de Fisiologia e diretora do Instituto de Ciências Básicas da Saúde da UFRGS, reforça que os casos devem continuar aumentando, já que a leptospira se propaga de forma bastante rápida, podendo causar sintomas em humanos e também nos animais.
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A especialista também reforça que, mesmo depois de a inundação recuar, a lama que sobrar pode concentrar toda a contaminação que estava dispersa na água.
— A leptospira permanece viva no lodo enquanto estiver úmido por 10 a 15 dias. Então, por isso, o cuidado e a necessidade de usar equipamentos de proteção a todo momento — diz a professora.
Águas contaminadas no RS
Além da leptospirose, a pesquisa também constatou altos índices de outras bactérias, como a E.coli, que causa principalmente diarreia. O estudo identificou ainda nas amostras diferentes tipos de vírus, como o SARS-Covid-2, responsável pela Covid-19, e os causadores da Hepatite A e Hepatite E, uma variante mais rara da doença.
Segundo os pesquisadores da UFRGS, os índices altos de contaminação tem relação direta com o transbordamento de estações de esgoto. As águas do Guaíba ultrapassaram a marca de 5,3 metros. No dia 4 de maio, invadiram cinco estações em Porto Alegre. Em minutos, litros de esgoto que estavam nos tanques das estações se misturaram à enchente e se espalharam pela cidade.
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Em nota, o Ministério da Saúde disse que está enviando ao Rio Grande do Sul uma equipe de profissionais para definir uma estratégia conjunta com infectologistas, técnicos e sociedade civil na prevenção e controle de doenças transmitidas pelas águas contaminadas.
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