O otimismo que contagiou os investidores estrangeiros nas últimas semanas, responsável por grande parte da recente valorização do real e do Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa), começa a se espalhar para outros mercados. Um deles é o de dívida corporativa.
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Depois de enfrentarem enormes dificuldades para obter crédito entre setembro e dezembro do ano passado, empresas brasileiras voltam, aos poucos, a vender bônus no exterior. Há ao menos dois pontos importantes nesse movimento.
O primeiro deles é a confirmação da percepção externa positiva sobre o Brasil, uma vez que companhias brasileiras têm conseguido condições de financiamento melhores do que suas pares de países como Rússia e México.
O segundo ponto é o efeito que essas captações podem ter sobre o crédito doméstico. No auge da crise internacional, o mercado global de capitais ficou paralisado.
Com isso, empresas brasileiras que costumavam tomar dinheiro emprestado lá fora tiveram de recorrer a bancos nacionais, prejudicando outros tomadores, como as pessoas físicas.
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Um caso exemplar foi o da Petrobrás, que em novembro precisou de um empréstimo de emergência de R$ 2 bilhões e acabou no guichê da Caixa Econômica Federal – tipo de operação incomum no País. Entre janeiro e meados de maio, as empresas captaram lá fora pouco mais de US$ 3 bilhões.
Para se ter uma ideia, em todo o segundo semestre de 2008, essas operações totalizaram pouco mais de US$ 500 milhões. O governo também aproveitou a oportunidade e já levantou US$ 1,75 bilhão neste ano. Segundo profissionais do mercado financeiro, há várias outras captações no radar.
O jornal O Estado de S.Paulo apurou que a Eletrobrás já contratou até banco para comandar uma emissão. Petrobrás, Vale e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) também estão analisando opções.
Quem reabriu o mercado para as emissões brasileiras no exterior foi o Tesouro, que em janeiro captou US$ 1,25 bilhão. Em fevereiro, a Petrobrás obteve US$ 1,5 bilhão.
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Em março, os investidores se retraíram e não houve emissão brasileira. Abril foi o mês mais forte da retomada até agora: a Odebrecht fez uma operação de US$ 200 milhões, a Telemar, de US$ 750 milhões, e a JBS-Friboi, de US$ 700 milhões.
Em maio, o Tesouro voltou ao mercado e levantou US$ 750 milhões. Segundo o governo, a demanda foi muito superior à oferta.
A Odebrecht também percebeu uma procura bastante superior ao que foi oferecido.
– Poderíamos ter captado mais do que os US$ 200 milhões, conta o diretor financeiro da companhia, Paulo Cesena.
Líderes da emissão da Odebrecht, Santander e o Itaú BBA dizem que vem mais por aí.
– As empresas estão olhando o mercado com atenção. Vai ter muita coisa, afirma o diretor de Operações Estruturadas do Santander, Jean Pierre Dupui.
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– Estamos assistindo ao renascimento desse mercado, diz Douglas Chen, vice-presidente sênior da Itaú Securities.