Mesmo que suas análises sejam decisivas para o destino de recursos de investidores internacionais, as três maiores agências de rating do mundo têm sofrido pesadas críticas por erros de avaliação nos últimos anos. Todas empresas privadas, Standard & Poor’s (S&P), Moody’s e Fitch fazem avaliações padronizadas sobre a qualidade do crédito de companhias e governos.

Continua depois da publicidade

São contratados por governos e empresas para fazer isso. A análise serve para que aplicadores decidam onde colocar seu dinheiro, pesando o risco dos papéis e a possibilidade de retorno. Fundos de pensão institucionais, que investem pesado ao redor do mundo, incluem em seus estatutos a exigência de ratings concedidos por essas agências para aportar recursos em países e empresas.

VÍDEO: entenda o debate sobre a credibilidade das agências de classificação de risco

O que o Brasil precisa fazer para recuperar o grau de investimento

Continua depois da publicidade

Entenda os motivos e as consequências do rebaixamento da nota do Brasil

Agência vê mais risco de calote e tira nota de bom pagador do Brasil

A lista de episódios que minaram a credibilidade das agências não é pequena, mas a contestação ganhou força após o estouro da bolha imobiliária americana, em 2008. À época, o trio que domina mais de 90% do mercado mundial de classificação atribuía altas notas a títulos hipotecários de má qualidade e a bancos que pareciam sólidos e quebraram, como o Lehman Brothers – que tinha conceito A quando faliu. O caso não foi considerado só uma falha. A S&P foi processada pelo Departamento de Justiça americano por esconder o risco real e teve de pagar US$ 1,4 bilhão em um acordo para sustar ações judiciais.

– Essas agências não têm credibilidade por conta de seu histórico. Já foram processadas em vários países até por fraude, mas infelizmente suas notas influenciam o mercado financeiro – afirma Pedro Rossi, professor do Instituto de Economia da Unicamp.

O risco das agências de risco

Em fevereiro, The Wall Street Journal informou que a Moody’s também era investigada. Em 2010, em comissão criada pelo governo e pelo Congresso para analisar as causas da crise, o presidente da agência admitiu que avaliações equivocadas contribuíram para a turbulência.

Ex-analistas da Moody’s disseram ter sido pressionados por superiores para elevar notas de produtos financeiros, que depois se mostraram podres, beneficiando instituições financeiras também clientes da agência.

Continua depois da publicidade

Na história

A lista de problemas não percebidos pelas agências inclui a crise da Ásia (meados da década de 1990) e de nações como Portugal e Grécia, na crise financeira iniciada em 2008.

Em casos corporativos, fraudes da americana Enron, em 2001, e o rombo que levou ao resgate pela Casa Branca da maior seguradora do país, a AIG, em 2008, entram no rol de calotes não detectados.

Outra passagem constrangedora foi o rebaixamento da nota máxima dos EUA, em 2011, pela S&P, o que levou até o presidente Barack Obama a criticar o papel das agências. A empresa cometeu erro de US$ 2 trilhões em seus cálculos.