A busca por mão de obra qualificada em um mercado altamente competitivo, como é a área da Tecnologia da Informação (TI), está levando empresas do setor no Vale do Itajaí a criar estratégias para atrair interessados em suas vagas. Melhor para o candidato: o resultado são campanhas que sorteiam produtos eletrônicos entre os inscritos ou programas de qualificação técnica, com direito a bolsa de estudo e chance de efetivação para quem ainda nem concluiu a faculdade.
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Nos últimos 10 anos, a IPM – empresa que desenvolve softwares para órgãos públicos – começou a ter dificuldade em encontrar empregados. A sede fica em Florianópolis, mas é em Rio do Sul que fica o centro de desenvolvimento de produtos. Para lidar com o problema e atrair candidatos, a empresa optou por criar um programa de formação de talentos – nada mais do que um curso voltado a universitários da área de Tecnologia da Informação.
Os participantes, além de especialização extra, ganham dinheiro para isso: enquanto ocorre o curso, de 438 horas de duração, eles recebem uma bolsa mensal de R$ 900 mais vale-refeição. Com foco na realidade do mercado de trabalho e nos processos internos da empresa, o programa é oferecido duas vezes ao ano e costuma ofertar 24 vagas por edição. A chance de efetivação é grande:
– A maioria é contratada. A cada 10 gerentes, sete começaram no programa. Mas depende muito do aluno. Se ele se dedica, é quase certo que fique porque há necessidade de muita mão de obra – afirma a coordenadora de marketing da IPM, Larissa Raposo.
Segundo ela, como há muitas empresas no setor a disputa por candidato é acirrada, então esta foi a estratégia encontrada para saírem na frente: absorvem o funcionário antes mesmo de ele terminar a faculdade, com salário médio de
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R$ 2,5 mil.
– Nem sempre a empresa tem currículo necessário para a vaga. Então esta é uma iniciativa para localizar mão de obra qualificada. É uma situação recente, mas é válida e funciona – explica o professor Ranieri Angioletti, do curso de Ciências Contábeis da Univali.
Do estágio direto para a carteira assinada
Prestes a concluir o ensino médio, Stephanie Letícia Lopes, 17 anos, saiu em busca de emprego. Mandou currículos para várias empresas do setor de informática, até que foi convidada a participar da seleção para o programa de estágio da WK Sistemas, de Blumenau. Em um processo bastante rigoroso, passou por testes de lógica e de criatividade, redação, inglês e entrevista. Foi aprovada e agora, depois de quase um ano de aulas, conclui a formação em dezembro.
Stephanie recebe uma bolsa mensal de R$ 700 e, ao fim do estágio, será efetivada pela WK. A empresa também se compromete a custear até 50% da mensalidade da faculdade. Há cerca de um mês, a turma era formada por mais seis rapazes. Mas três deles, universitários, deixaram de ser estagiários para ser funcionários contratados. Hoje são quatro alunos.
– É um bom curso e ajuda a conhecer o mercado – diz ela.
Como não há oferta de mão de obra na quantidade que a WK precisa, a empresa adota esta prática desde 1993. Em setembro, uma nova turma de até 12 pessoas deve começar as aulas. Segundo cálculos do setor de RH, 33% dos funcionários vieram do estágio.
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Interesse por pessoas da região
Multinacional do setor de TI com um de seus centros de desenvolvimento em Blumenau, a T-Systems preferiu sortear 10 iPads para quem cadastrar o currículo. Podem participar, entre outros, estudantes da área ou pessoas que dominam alemão ou inglês. Com uma campanha cujo título é A T-Systems quer você, a empresa permite o cadastro de qualquer currículo, mesmo que não seja o perfil exigido para o momento. A explicação é de que novas oportunidades estão sempre surgindo.
– Para muitas vagas, há necessidade de trazer gente de fora. A promoção quer motivar as pessoas daqui a cadastrarem o currículo. Nossa maior carência é encontrar profissionais com conhecimento técnico aliado a outros idiomas – diz Larissa Wippel, do setor de Negócios de Recursos Humanos da empresa.